21 março 2018

“Milho do Forno”, Uma iguaria única

16:57

Artigo de opinião escrito por: Gil Rosa.
Que Santana é conhecida por ser a terra das casas de colmo, dos campos de trigo e de feijão de batata… da produção de hortícolas variadas… isso é quase senso comum.

Na Madeira associa-se também a esta terra do norte à produção de milho… milho de sabor único e de inegável qualidade. Milho para comer em maçaroca cozida ou assada, ou milho moído e depois cozido.

O que talvez muitos desconhecem é que em Santana há outras formas de confecionar esta iguaria.

Não sei se já ouviram falar do milho do forno. Sim. Milho do forno.

Milho que por norma não leva couve, mas pode ser acompanhado na cozedura, por favas ou feijão.

Já foi mais usual, mas em muitas casas de Santana (é possível que também exista noutras localidades) ainda se confeciona este prato tradicional.

E como é que se faz este milho?

Muito Simples.

Tudo começa na apanha. As massarocas ainda meio verdes que por norma são mais difíceis de por a secar amarradas em “pinhas” podem passar por um processo de secagem no forno.

Nos tempos da minha infância na minha casa fazia-se isso no dia em se amassava. Depois de retirado o pão do forno, entrava o milho para secar.

Normalmente ficava dentro do forno de um dia para outro. Ganhava uma cor um pouco mais amarelada.

Depois de seco, o processo de moagem seguia o mesmo caminho do milho normal num dos poucos moinhos a água que ainda existem em Santana.

Na hora da cozedura o processo também é idêntico, com a tal particularidade de não levar couve, mas sim feijão ou favas verdes.

O sabor é único. Se for cozido a lenha ainda fica melhor. Quem já provou sabe do que falo. Fica um milho com um certo sabor a torrado. Uma iguaria impar. E para comermos o milho dá sempre jeito um acompanhamento saboroso. Aconselho uns bons bifes de atum, umas postas de bacalhau de cebolada, ou um bom gaiado seco de escabeche.

Sabe tão bem, especialmente nos dias frios não há nada mais reconfortante do que um prato de milho do forno bem quente.

Um prato tal como o milho branco que um dia saltou da mesa dos ditos pobres e passou para as salas dos restaurantes, merece ser divulgado e sobretudo apreciado.

Tanto quanto sei ainda ninguém se atreveu a trazer o milho do forno das casas dos santanenses para a restauração. Talvez os apreciadores de um bom prato de gastronomia tradicional de Santana agradecessem.

Fonte: JM-Madeira, edição impressa de 21 de Março de 2018.

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