29 maio 2021

Confraria aprova contas de 2020 e realiza tomada de posse em São Vicente


A Confraria Enogastronómica da Madeira realizou, no passado dia 25 de maio, a sua Assembleia Geral para apreciação e votação das contas 2020, estas foram aprovadas por unanimidade, pelo terceiro ano consecutivo.

No seguimento da retoma da atividade, a Confraria Enogastronómica da Madeira irá realizar a tomada de posse dos órgãos eleitos para o triénio 2021 - 2023, no próximo sábado, dia 29 de abril, pelas 18h30, nos Paços do Concelho de São Vicente.

No mesmo dia, pelas 20h, terá lugar o primeiro encontro enogastronômico deste atípico ano, no 'Essência Restaurant and Lounge Bar', localizado no Clube Naval de São Vicente."

PS: A CEM faz saber que a sessão solene de tomada de posse contará com a presença do Presidente do Município de São Vicente, Sr. José António Garcês e do Senhor Secretário Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Humberto Vasconcelos."
























Na Imprensa: 

> Diário de Notícias da Madeira: Agenda - 29 de Maio

26 maio 2021

Opinião por Gil Rosa: Ir ao moinho


Noutros tempos, as farinhas de milho ou de trigo, não eram adquiridas num supermercado ou numa “venda”.

O grão vinha da terra e depois de todo o processo de laboração, desde a plantação até à secagem ao sol, ia bater moinho mais próximo que existia na zona. Por norma moinhos movidos a água.

Não raras as vezes recebia essa incumbência para levar o grão até o moinho para o transformar em farinha. Era com essa farinha que minha mãe fazia o milho cozido ou amassava o pão.

Ela preparava um saco de pano e era lá dentro que metia uma certa quantidade de grão.

Depois caminho acima lá ia eu em direção ao moinho.

Muitas vezes quando lá chegava tinha de esperar um bom bocado. Havia sempre muito movimento. Mesmo existindo vários moinhos na freguesia, também havia muita gente que procurava estes espaços.

Era sempre uma experiência gratificante. Adorava ver o moinho funcionar. Ficava de certa forma espantado com aquela tecnologia.

Recordo-me de todo o processo.

Quando chegava à minha vez, a senhora que trabalhava no moinho, metia o grão dentro duma caixa de madeira em forma de “V”. Tinha uma espécie de tranca que servia para controlar a saída do grão em direção às pedras que o iam transformar em farinha.

Toda esta operação produzia um cheiro característico e por sinal até bem agradável.

A farinha depois de passar nas pedras caía para uma outra caixa e era aí que se ia amontoando até ao ponto de retirada para outra operação.

Depois de moída a farinha passava para outra máquina que a peneirava. Aí procedia-se à separação do rolão, que era uma espécie de farinha integral, mas que na altura era considerado um subproduto, usado para coisa menores.

Depois de tudo concluído o saco que serviu para trazer o grão, voltava a ser usado para levar a farinha de regresso a casa. O pagamento ao dono do moinho era por norma em género… ou seja o moleiro ficava com uma parte do grão como contrapartida pelo seu trabalho.

Todo este processo desde a entrada do grão no moinho até à saída em farinha e rolão, era acompanhado pelos clientes da zona. O moinho era por assim dizer também um espaço de convívio social. Muita da conversa era posta em dia ali. Com a roupa e o cabelo branco cheio de farinha o moleiro ou a moleira eram eles que controlavam todas as operações e até as conversas.

No meio de tudo isto havia um elemento fundamental para que o moinho pudesse funcionar: a água.

No verão às vezes devido à falta dela, o moinho inevitavelmente tinha de parar. Também me aconteceu chegar ao moinho e este não estar a funcionar. Quando a água “andava de giro”, esse problema colocava-se. É que esse “combustível” corria na levada, passava pelo moinho e seguia o seu percurso em direção aos terrenos onde era utilizada para a agricultura. Mas se estivesse a ser usada noutra zona, podia não passar pelas rodas que faziam mover as pedras do moinho.
Por vezes esse tempo de paragem na moagem era usado pelo moleiro para “picar a pedra”. Era uma operação que tinha de ser feita de vez em quanto para que a moagem estivesse sempre afinada.

“Picar a pedra” implicava que a mesma tinha de ser retirada da zona e deslocada normalmente para a rua para poder ser tratada. Era uma operação ainda algo complicada, tendo em conta o peso destas pedras. Eram grandes rodas. Implicava quase que desmanchar toda a estrutura onde as duas pedras - a de cima e de baixo- funcionavam.

Também não era um trabalho para qualquer um. Recordo-me de ver o moleiro pacientemente com um instrumento metálico a fazer pequenos cortes na pedra. Era um trabalho de muita perícia.

Na minha infância eram vários os moinhos que existiam em Santana. Com o andar dos tempos muitos foram encerrando. Hoje em funcionamento são muito poucos. Mesmo fechados alguns ainda preservam no seu interior toda a maquinaria. Um património que talvez fosse de criar condições para que não desaparecesse e que no mínimo estivesse disponível para ser contemplado pelas novas gerações e por quem nos visita.

Fonte: JM-Madeira

21 maio 2021

Evidências da Mais Antiga Vinha do Mundo em Aldeia da Idade da Pedra com 8000 Anos

Ao contrário dos estereótipos, os povos do Neolítico tinham gostos apurados.


Os arqueólogos que exploravam esta aldeia Neolítica na Georgia encontraram peças de potes de barro que continham resíduos do vinho mais antigo do mundo.
FOTOGRAFIA DE STEPHEN BATIUK

Numa pequena elevação do terreno menos de 30 quilómetros a sul de Tbilisi, na Geórgia, um punhado de casas de tijolos de argila destaca-se no fértil e verdejante vale de um rio. O monte chama-se Gadachrili Gora, e os agricultores da Idade da Pedra que ali viveram há 8000 anos eram apreciadores de uvas: as suas peças grosseiras de olaria estão decoradas com cachos do fruto e uma análise de pólen do local sugere que as colinas florestadas da zona já estiveram cobertas de videiras.

Num artigo publicado hoje na revista PNAS, os arqueólogos mostram, de forma conclusiva, qual era o uso dado a todas aquelas uvas. Os habitantes de Gadachrili Gora e de uma aldeia próxima foram os primeiros vinicultores conhecidos do mundo — produziam vinho em larga escala já no ano 6000 a.C., numa época em que os humanos pré-históricos ainda dependiam de ferramentas feitas de pedra e ossos.



A produção de vinho tem raízes na Geórgia, onde um viticultor deita vinho branco tradicional de um copo onde estão inscritos os nomes dos seus antepassados.
FOTOGRAFIA DE BRIAN FINKE, NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE



As uvas para a produção de vinho podem ter tido a sua origem no sopé das Montanhas do Cáucaso na Geórgia, que apresenta mais de 500 variedades.
FOTOGRAFIA DE BRIAN FINKE, NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE

Quando fizeram escavações nas casas redondas sobrepostas do local, o arqueólogo Stephen Batiuk e os colegas da Universidade de Toronto encontraram peças de barro partidas, incluindo bases redondas de enormes jarros enterradas nos chãos das casas da aldeia. Em Shulaveri Gora, outra aldeia da Idade da Pedra a cerca de 2 km de Gadachrili, que tinha sido parcialmente escavada nos anos 60 do século XX, foram encontrados mais exemplares.

Quando analisou os exemplares, o arqueólogo Patrick McGovern, da Universidade da Pensilvânia, encontrou ácido tartárico, uma "impressão digital" química que mostra a existência de resíduos de vinho em fragmentos de peças de olaria de ambos os locais.

Combinada com as decorações de uvas no exterior dos jarros, os vastos indícios de pólen de videiras no solo fino do local e datações por carbono 14 que apontam para o intervalo compreendido ente 5800 a.C. e 6000 a.C., a análise química indica que os habitantes de Gadachrili Gora foram os primeiros vinicultores do mundo. (Beberrões numa localidade chinesa chamada Jiahu faziam bebidas fermentadas a partir de uma mistura de grãos e frutos silvestres 1000 anos antes.)

Uma vez que não foram encontradas muitos vestígios de sementes ou engaços de uva preservados no solo da aldeia, Batiuk presume que o vinho era feito nas colinas próximas, junto ao local de cultivo das uvas. "Eles prensavam-nas em ambientes mais frios, fermentavam o vinho e depois vertiam-no em vasilhames mais pequenos para o transportarem para as aldeias quando estava pronto para ser bebido", diz Batiuk.

Em períodos posteriores, os vinicultores usavam resina de pinheiro ou ervas para impedir que o vinho se estragasse ou para encobrir sabores desagradáveis, da mesma maneira que os produtores de vinho atuais usam sulfitos. A análise química de McGovern não encontrou resíduos daquelas substâncias, o que indica que se tratava de experiências vinícolas mais precoces — e que o vinho era uma bebida sazonal, produzida e consumida antes de chegar a avinagrar. "Aparentemente, não lhe juntaram resina, o que significa que foi o primeiro vinho puro", diz McGovern. "Talvez ainda não tivessem descoberto que as resinas das árvores ajudavam."

Estes indícios abrem uma nova perspetiva para o nosso entendimento do Neolítico, um período fundamental no qual os humanos começaram a aprender técnicas agrícolas, a sedentarizar-se e a domesticar culturas e animais. Este processo gradual, conhecido como Revolução Neolítica, começou por volta do ano 1000 a.C. em Anatólia, algumas centenas de quilómetros a oeste de Gadachrili.

É cada vez mais claro que não demorou muito tempo até que as pessoas tenham começado a pensar no álcool: poucos milhares de anos depois de as primeiras ervas selvagens terem sido domesticadas, os habitantes de Gadachrili não só tinham aprendido a arte da fermentação como, aparentemente, estavam a aperfeiçoar, a reproduzir e a cultivar vitis vinifera, a uva europeia. "Estavam a descobrir métodos hortícolas, a aprender a fazer enxertos e a produzir uvas", afirma McGovern. "Mostra até que ponto a espécie humana é inventiva"



Os resíduos orgânicos recolhidos dos restos de vasos em cerâmica como este proporcionaram as provas mais antigas da produção de vinho. Vasos de barro grandes e com uma abertura amplia como estes são similares aos qvervis, vasos tradicionais para a produção de vinho que ainda se encontram em diversas adegas na Geórgia.

FOTOGRAFIA DE MINDIA JALABADZE AND COURTESY NATIONAL MUSEUM OF GEORGIA



Qvervis de tamanho grande ainda são usados pelos produtores de vinho na Geórgia, que enterram estes vasos até ao cimo e os usam durante gerações.
FOTOGRAFIA DE BRIAN FINKE, NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE


Ao fim de 8000 anos, a Geórgia, enfiada no meio da cordilheira do Cáucaso não muito distante do local onde se iniciou a Revolução Neolítica, continua a ser uma região eminentemente vinícola. Conta com mais de 500 variedades locais de uva, um sinal de que as pessoas reproduzem e cultivam uvas há muito tempo. Até na agitada baixa de Tbilisi, há videiras penduradas em blocos de apartamentos da era soviética em desmoronamento. E os grandes vasilhames de barro encontrados em Shulaveri e Gadachrili têm um formato semelhante aos dos qvevris, utensílios vinícolas tradicionais que ainda se podem encontrar em inúmeras adegas georgianas nos nossos dias.

Patrick Hunt, arqueólogo da Universidade de Stanford, afirma que os resultados mostram que os povos da Idade da Pedra tinham vidas complexas e ricas, com interesses e preocupações que conhecemos hoje em dia. "A fermentação do vinho não é essencial para a sobrevivência. Mostra que os seres humanos naquele tempo se dedicavam a mais do que apenas atividades utilitárias", diz Hunt. "Há muito mais sofisticação até no período de transição do Neolítico do que julgávamos."

Se Batiuk e a sua equipa — que começaram a fazer escavações em Gadachrili Gora em 2012 — conseguirem identificar a variedade moderna de uva mais próxima da que era cultivada perto da aldeia de Gadachrili, esperam plantar uma vinha experimental na região para saberem como funcionaria a produção de vinho na pré-história. E Batiuk afirma que ainda não chegaram às camadas mais baixas e mais antigas do local. "É possível que cheguemos à conclusão de que se trata de uma prática ainda mais antiga", aponta. "Estamos a completar a história do vinho, este liquido que é tão essencial em tantas culturas — na verdade, na civilização ocidental."

15 maio 2021

Transporte de uvas para lagar em 1972



1972, no centro da Vila do Estreito de Câmara de Lobos, terra de vinho e da gastronomia madeirense. 
Uma viatura transportando aproximadamente 1.620 quilos de uvas, passando à frente do "Veiga França" (Casa de Vinhos) em direção a um outro lagar.

Estreito de Câmara de Lobos, 15 de Maio de 2021 

14 maio 2021

Encontro enogastronómico de Maio no Clube Naval de São Vicente



A Confraria Enogastronómica da Madeira realiza o encontro enogastronómico de Maio, no dia 29 de Maio, no restaurante do Clube Naval de São Vicente, município de São Vicente.

Estreito de Câmara de Lobos, 14 de Maio de 2021.

11 maio 2021

Convocatória Assembleia Geral Ordinária

Ex.mos confrades, 

Nos termos do disposto no Artigo n.º 11 dos Estatutos da CEM - Confraria Enogastronómica da Madeira, convoco todos os confrades de número para uma Assembleia Geral Ordinária a realizar no próximo dia 25/05/2021 (vinte e cinco de maio de dois mil e vinte um) às 18h30 (dezoito horas e trinta minutos) na sede da Confraria, sita na Rua do Mercado, 9325-034 Estreito de Câmara de Lobos, Ilha da Madeira, com a seguinte ordem de trabalhos:

ORDEM DE TRABALHOS:

1 - Apreciação e votação do Relatório e Contas da Direção do exercício do Ano 2020; 
2 - Informações e outros assuntos. 

De acordo com o Ponto 7, do artigo n.º 11 desta confraria, se à hora marcada não estiver presente os confrades correspondentes a metade da sua representatividade, a Assembleia Geral Ordinária ficará legalmente constituída trinta minutos depois com qualquer número de confrades, mantendo a mesma ordem de trabalhos.

Estreito Câmara de Lobos, 11 de maio de 2021. 

Presidente da Mesa da Assembleia Geral



04 maio 2021

A Confraria prepara retoma de actividade


Em plena semana de seu 21º aniversário, a Confraria Enogastronómica da Madeira (CEM) congratula-se com a flexibilização das medidas de prevenção à COVID-19 na Região Autónoma da Madeira e prepara retoma das atividades presenciais com uma reunião dos seus órgãos sociais após um dos períodos mais difíceis de toda a sua existência, com muita incerteza a pairar sobre o movimento confradico nacional e internacional.

Na Europa, em virtude do aumento de caso COVID-19 e dos atrasos no processo de vacinação, muitas congêneres estão “paradas” e a própria Federação Internacional de Confrarias Báquicas viu-se forçada a cancelar o seu 51º Congresso Internacional previsto para o início de junho 2021, no norte de Itália, na região de Alba.

No território nacional, das várias dezenas de eventos do mapa anual da federação gastronómica portuguesa, apenas dois mantém-se agendados para 2021, o X Capítulo da Confraria Gastronómica do Concelho de Ovar à 18 de junho e o XX Grande Capítulo da Confraria Enogastronómica da Madeira a decorrer entre 24 a 27 de setembro.

Durante este “interregno” a direção da confraria tem se focado na preparação projetos e parcerias com as suas congéneres a apresentar oportunamente, bem como no estabelecimento de novos contactos, estando em vista deslocações pela a primeira vez à Republica Checa, a Macedónia e a Bulgária para apadrinhar a criação de uma irmandade.

A CEM foi fundada a 30 de Abril de 2000 e é filiada na Federação Nacional das Confrarias da Gastronomia Portuguesa (da qual esta irmandade foi também fundador), inicialmente como Academia e, mais tarde como Confraria Gastronómica, a associação tem como propósito de defender os pratos típicos da gastronomia madeirense.

Em Novembro de 2018, mudaria a sua designação de Academia Madeirense das Carnes/Confraria Gastronómica da Madeira para Confraria Enogastronómica da Madeira, de modo a permitir a filiação na Federação de Confrarias Báquicas Portuguesas, bem como na Federação Internacional de Confrarias Báquicas, no sentido de promover a defesa da cultura báquica e gastronómica do Arquipélago Madeirense."

Cordiais saudações,
Pela Direção



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