30 janeiro 2020

Descoberta na ilha da Madeira árvore já extinta da família do chá

Sabe-se agora que uma árvore que estava espalhada pela Europa e pela Ásia há 2,5 milhões de anos ainda habitava a ilha da Madeira há 1,3 milhões de anos.


Imagens por microscopia de varrimento das sementes de Eurya stigmosa com cores falsas
CARLOS GÓIS MARQUES

Há 1,3 milhões de anos habitava a ilha da Madeira uma árvore chamada Eurya stigmosa, que pertencia à família do chá (Theaceae). Mas só se soube agora que esta árvore já extinta também tinha existido nesta ilha do Atlântico, anunciou esta segunda-feira a Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa (FCUL) em comunicado. O trabalho será publicado na revista científica Quarternary Science Reviews a 15 de Fevereiro e já disponível online, fazendo parte do doutoramento em geologia de Carlos Góis Marques na FCUL.

O conjunto de sedimentos onde estão os restos da Eurya stigmosa já tinha sido descoberto no século XIX em Porto da Cruz (ilha da Madeira). “Os primeiros registos fósseis foram descritos em 1864: eram fósseis de folhas e de sementes da família das Cyperaceae, semelhantes a juncos”, indica ao PÚBLICO o paleontólogo Carlos Góis Marques. Há uns anos, estes sedimentos passaram a fazer parte do seu trabalho de investigação ainda durante o seu mestrado na Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira.

PÚBLICO -
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Imagens por microscopia de varrimento das sementes de Eurya stigmosa com cores falsas para, segundo a equipa, as tornar mais apelativas para o público não científico
CARLOS GÓIS MARQUES

“Esta descoberta inclui-se num conjunto de outras que resultam de um trabalho de investigação paleobotânico realizado na ilha da Madeira em rochas sedimentares”, explica o paleontólogo, adiantando que o objectivo desta investigação era encontrar fósseis que permitissem descrever a flora e a vegetação do passado.

Segundo datações radiométricas, esta árvore estaria presente na ilha da Madeira há 1,3 milhões de anos, “embora já em situação de refúgio, juntamente com várias plantas que hoje em dia constituem a floresta Laurissilva”, refere-se no comunicado. “A Eurya stigmosa é a primeira planta extinta identificada no registo fóssil na ilha da Madeira”, acrescenta-se ainda no artigo científico.

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Imagens por microscopia de varrimento de sementes de Eurya stigmosa
CARLOS GÓIS MARQUES

E como seria? “Embora seja difícil saber, pode considerar-se que se trataria de uma pequena árvore que em espécies actuais corresponde a um elemento da floresta com semelhanças à Laurissilva”, responde Carlos Marques. Actualmente tem plantas aparentadas na América Central e do Sul, na Ásia ocidental e nas ilhas do Pacífico.

Não se sabe qual seria a distribuição global da Eurya stigmosa há 1,3 milhões, mas há 2,5 milhões de anos estaria espalhada pela Europa e pela Ásia. Depois, devido a alterações climáticas passadas – nomeadamente de glaciações – desapareceu da Europa, mas continuou na Madeira. “É um processo paralelo ao das principais árvores da ilha da Madeira que compõem a Laurissilva: o registo fóssil destas plantas mostra que existiam na Europa”, frisa o paleontólogo.

Sobre a sua extinção na Madeira, Carlos Góis Marques destaca que as razões são especulativas. “Poderá ter sido devido às alterações climáticas (glaciações) que ocorreram durante o Pleistoceno (entre 2,5 milhões e 11,7 mil anos) e que certamente afectaram a ilha”, aponta. “Ou então estaria ainda na ilha da Madeira quando os portugueses a descobriram [no século XV], podendo então tratar-se de um caso de extinção provocada pelo homem.”

Quanto ao significado deste estudo, no comunicado da FCUL aponta-se a fragilidade dos ecossistemas insulares e, assim, da floresta Laurissilva, que evoluiu isolada ao longo dos anos sem grandes herbívoros e sem actividades humanas.

Para Carlos Góis Marques, esta descoberta é “pessoalmente muito gratificante”, porque é o culminar de muito trabalho que começou na tese de mestrado (concluída em 2013) e vai terminar na de doutoramento (orientada por José Madeira, da FCUL, e co-orientada por Miguel Menezes de Sequeira, da Universidade da Madeira, e José María Fernández-Palcaios, da Universidade de La Laguna, em Espanha). Que segredos guardará ainda a Laurissilva?


Foto: Miguel Meneses de Sequeira (à esquerda), um dos co-orientadores de Carlos Góis Marques (à direita), durante uma saída de campo na ilha da Madeira.
MIGUEL MENEZES DE SEQUEIRA

O fóssil mais antigo de uma cenoura selvagem foi descoberto na ilha da Madeira

Uma equipa de cientistas descobriu a presença de plantas de cenoura selvagem — com caules e folhas gigantes — há cerca de 1,3 milhões de anos na ilha da Madeira. Além de ser a primeira vez que é descoberto um fóssil de uma planta com gigantismo insular, esta cenoura fossilizada é a mais antiga do mundo.


Melanoselinum decipiens MAXIMOVICH NIKOLAY


Uma equipa de cinco cientistas (quatro deles portugueses) quis estudar fósseis de frutos e acabou por descobrir a cenoura fossilizada mais antiga do mundo. As conclusões dos investigadores revelaram a presença de plantas de cenoura selvagem (diferente das cenoura que são consumidas hoje em todo o mundo) — com caules e folhas gigantes — há cerca de 1,3 milhões de anos na ilha da Madeira. O estudo é pioneiro por duas razões: o fóssil de cenoura agora descoberto é o mais antigo alguma vez descrito a nível mundial e é a primeira vez que se caracteriza um fóssil de planta com evolução para gigantismo insular.

O estudo, cujo autor principal é aluno de doutoramento em geologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, vai estar em destaque na revista científica Taxon editado pela Associação Internacional de Taxonomia de Plantas, depois de já ter sido publicado online.

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Miguel Meneses de Sequeira e Carlos Góis e Marques durante uma saída de campo.
MIGUEL MENESES DE SEQUEIRA

Identificado por Carlos Góis Marques e a restante equipa, o fóssil é de uma espécie exclusiva da ilha da Madeira, o aipo-da-serra ou aipo-do-gado (Melanoselinum decipiens), que actualmente é encontrado em clareiras da floresta laurissilva húmida — um tipo floresta húmida subtropical composta maioritariamente por árvores da família das lauráceas e endémico da Macaronésia (região formada pelos arquipélagos da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde). Este tipo de floresta possui maior expressão nas terras altas da ilha da Madeira, onde se encontra a sua maior e mais bem conservada mancha (cerca de 15 mil hectares), e foi considerada pela UNESCO como Património da Humanidade em 1999.

Segundo o comunicado que divulga o estudo, apesar do nome comum da espécie ser aipo, alguns estudos moleculares permitiram concluir que se trata de uma cenoura (género Daucus), que evoluiu para uma planta lenhosa insular, tornando-se uma cenoura gigante. O gigantismo insular é um fenómeno biológico onde o tamanho dos animais ou das plantas isoladas numa ilha aumenta dramaticamente ao longo de várias gerações. Os autores afirmam que este processo pode ser verificado em ilhas de todo o mundo e deve-se a “processos evolutivos e ecológicos”.

Charles Darwin foi o primeiro autor a propor a evolução destas plantas arbustivas a partir de antepassados herbáceos. Ao chegarem às ilhas, os antepassados destas plantas ficaram livres da obrigatoriedade de cumprir o seu ciclo de vida anual, tornando-se progressivamente em plantas perenes (vegetação com um ciclo de vida mais longo) e com um crescimento lenhoso (plantas que são capazes de produzir madeira como tecido de suporte dos seus caules). Este fenómeno pode ser relacionado com factores como o clima ameno das ilhas, a ausência de herbívoros e a competição pela luz solar.

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Em cima, Melanoselinum decipiens em floração (à esquerda) e silhueta do tamanho que a planta pode atingir (à direita); em baixo, fruto actual dea Melanoselinum decipiens e dois fósseis de fruto desta planta com 1,3 milhões de anos.
CARLOS A. GÓIS MARQUES/MIGUEL MENEZES DE SEQUEIRA

Na prática, e tal como explica Carlos Góis Marques ao PÚBLICO, o fóssil da cenoura e a imagem da planta no seu estado dito “normal” não corresponde ao tipo de cenouras a que estamos habituados, mas é da mesma família. “Neste caso, o que descobrimos foi uma cenoura selvagem que não tem um tubérculo tão desenvolvido. Em tempos, terá existido uma cenoura selvagem em Portugal continental que chegou à Madeira e, por causa destes factores, evoluiu para uma planta grande. Estas plantas não produzem uma cenoura como as que conhecemos porque, quando chegaram a uma ilha em que não existiam herbívoros a comer a sua parte superior, acabaram por crescer e desenvolver-se para cima e não para dentro da terra”, diz o investigador.

Apesar de o fenómeno já ter sido descrito há mais de 150 anos por Darwin, até agora não se conhecia nenhum fóssil de uma planta com gigantismo insular que pudesse fornecer pistas sobre quando (e como) é que os seus antepassados evoluíram em contexto insular.

A publicação resulta dos trabalhos de investigação de Carlos Góis Marques realizados na Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira e do Instituto Geofísico Dom Luiz da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, instituições a que pertencem a outros autores do estudo.

Fonte: Jornal Público
Sofia Neves, 30 de Janeiro de 2020

26 janeiro 2020

Gostam mesmo de poncha

Grupo vem à Região pela quarta vez consecutiva aproveitando a realizada da Mostra da Poncha e do Mel, na Serra d'Água.

Leia a reportagem do Diário de Notícias da Madeira, edição impressa de 26 de Janeiro de 2020.


'Panelo' volta a encher o Chão da Ribeira

São cada vez mais os forasteiros que não faltam ao 'Panelo'.

Leia a reportagem do Diário de Notícias da Madeira, edição impressa de 26 de Janeiro de 2020.


24 janeiro 2020

Presença da CEM durante três dias em Itália



De 17 a 19 de Janeiro de 2020 decorreu o XXI Capítulo da Congrega dei Radici e Fasioi, em Susegana, província de Trévise, na região de Vénécie, em Itália. Contou com a presença de várias entidades políticas locais e acolheu confrarias de Italia, Estónia e Portugal (duas de Portugal Continental: a Confraria da Broa de Avanca e a Confraria da Sopa de Vidreiro e ainda a Confraria Enogastronómica da Madeira).

Falou-se de gastronomia, de vinhos, de turismo, entre outros assuntos, mas também, e aproveitando a presença do Sr. Presidente da Federação Italiana das Confrarias Enogastronómicas (FICE), foi abordado o futuro das Confrarias Gastronómicas e Enogastronómicas.

P.S. Ao contrario do que afirma Lia Camargo, designer e bloguer brasileira  que esteve em Dezembro na Madeira, a convite da TAP e do "Visit Madeira", sou de opinião de que a Poncha Madeirense não é feita com cachaça, mas com rum agrícola madeirense e de que o Vinho Madeira não é um vinho parecido ao Vinho do Porto, mas sim um vinho muito diferente ou distinto, embora sejam ambos similares na sua qualidade e fama. 

Lino de Jesus Dionisio


Na Imprensa:

> Diário de Notícias da Madeira: Confraria representa Madeira em evento gastronómico em Itália

















Tradição da Poncha e do Mel dinamiza economia local


O Presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, congratulou esta sexta-feira, 24 de Janeiro, as entidades organizadoras da Mostra da Poncha e do Mel, que decorre na freguesia da Serra de Água, Ribeira Brava, reconhecendo, na sexta edição do certame, uma forma, não só de promover a bebida e os produtos regionais necessários à sua confecção - caso do mel -, como também de dinamizar a economia local.

Para além da mostra da Poncha que decorre no centro da freguesia com 16 stands, o evento contempl ainda uma palestra dirigida a agricultores e apicultores, com enfoque em temas como ‘Rum da Madeira – conhecer para valorizar’ e ‘Indicações para a instalação de um apiário’.

Recorde-se que a VI edição da Mostra da Poncha e do Mel é uma organização da Casa do Povo da Serra de Água, com o apoio da Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, do município da Ribeira Brava e Junta de Freguesia da Serra de Água, bem como do tecido empresarial local.

22 janeiro 2020

Malassadas e mascarados



Artigo de opinião por Gil Rosa.

À medida que o mês de fevereiro se aproxima, aproxima-se também o cheiro das malassadas.
Vem aí o carnaval.
Com os novos tempos as malassadas começam a ser confeccionadas quase logo após o período de festas do Natal e do final do ano.
Antes não era assim. Mandava a tradição que esta iguaria só se confeccionasse quase no dia do entrudo.
Quando era criança adorava estes momentos lá em casa. Adorava assistir ao momento em que minha mãe batia aquela massa. Eu e os meus irmãos gostávamos sobretudo de ajudar a partir os ovos. Quase que nos atropelávamos junto à banheira onde a minha mãe mexia a massa. Não deixava de ser curioso quando o ovo caía na farinha e a gema se desfazia com aquela cor amarelada em grande destaque.
As malassadas da minha mãe tal como na zona eram simples. Farinha, água, fermento, ovos caseiros e raspa de limão, eram estes os ingredientes. Os sonhos e outras coisas afins muito em voga nos dias de hoje nessa altura não existiam.
O que existia, isso sim, era a mestria de transformar aquela massa numas malassadas de sabor incomparável.
Recordo-me dela estar a amassar e a brincar connosco cantarolando: “trupe trupe, malassadas com açucre”, e nós fazíamos coro.
Depois vinha o tempo de levedar e logo a seguir a fritura. E nós voltávamos para junto ao lar ou do fogão para ir acompanhando o processo. Claro que estávamos ansiosos para começar a comer as primeiras malassadas bem quentes que iam saindo da panela.
Para mim era mesmo sem mel ou açúcar. Uma verdadeira delícia.
Lá em casa era assim, na casa de uma tia de mais idade era um pouco diferente, com um ritual mais antigo.
O processo de amassar era igual, mas quando chegava à hora de fritar aí as coisas mudavam.
Na casa da minha tia a comida era toda feita no lar, a lenha, numa cozinha muito antiga.
No dia das malassadas havia quase que um ritual completamente diferente.
A minha tia improvisava um lar no meio da cozinha, cujo chão era de pedra calçada. Era aí que colocava uma pequena panela de ferro das antigas com três pés. Deitava a banha e depois começava a fritar as malassadas. Isto era feito como é bom de perceber ao nível do chão. E lá estávamos nós, ali sentados, à volta da fogueira a assistir à operação. Antes de começar a fritar, minha tia ainda nos pedia para irmos à rua buscar duas caninhas de bambu. Ela afiava as canas às quais lhe chama de “gravetos” e era com este “talher” improvisado que ia mexendo as malassadas e espetando-as para ver se estavam no ponto.
Esta operação fazia-se aí a meia tarde. Mal começava a anoitecer, começavam a surgir os mascarados.
Gente das redondezas, com disfarces algo rudimentares e que logo batiam à porta. De cara tapada e de voz alterada para não serem reconhecidos vinham pedir malassadas. Alguns eram quase fáceis de os identificar, mas outros só mesmo no dia seguinte depois dos próprios se revelarem é que eram reconhecidos.
Nessa altura o carnaval era mesmo um dia especial.

Fonte: JM-Madeira

21 janeiro 2020

Presença em Fafe a 4 de Junho


A Confraria Enogastronómica da Madeira agendou a sua presença no Capítulo da Confraria Gastronómica da Vitela Assada à Moda de Fafe, no Distrito de Braga, que se irá realizar a 4 de Junho.

Estreito de Câmara de Lobos, 21 de Janeiro de 2020. 


Presença agendada em Fevereiro na França


A Confraria Enogastronómica da Madeira confirmou a sua presença no XXII Capítulo da Confrérie de Saint Romain en Bordelais & Pays Libournais, que terá lugar no dia 29 de Fevereiro, no Departamento de Gironde, na região de Nova Aquitânia, França.

Estreito de Câmara de Lobos, 21 de Janeiro de 2020.

Encontro de Janeiro na herdade agrícola 'Casa Velha'


A Confraria Enogastronómica da Madeira realiza o seu encontro cultural enogastronómico de Janeiro no dia 25 na herdade agrícola "Casa Velha", propriedade do confrade e vice-presidente da Direção, Carlos Soares. O evento terá o seu início às 12 horas.

Estreito de Câmara de Lobos, 21 de Janeiro de 2020.

20 janeiro 2020

A importância da rolha de cortiça para o vinho


Só a cortiça consegue vedar uma garrafa de vinho evitando o derrame mas ao mesmo tempo permitindo trocas de ar com o exterior. É a um tempo paradoxal e único este comportamento, com a vantagem de acompanhar o tempo. O vinho e a rolha de cortiça são mesmo parceiros para a vida. Ensaio de Fernando Melo*.

A busca do vedante perfeito tem forçado o mundo do vinho a um jogo de cintura grande, sem conseguir destronar a solução clássica da rolha de cortiça. Broqueada a partir de tiras cortadas do exotronco dos sobreiros quando chega o momento ideal para a extração, a rolha representa o culminar de uma longa e paciente sequência de ações. É muito importante o estágio inicial das pranchas que se põem a curar em ambiente controlado, para uma espécie de expurgo através de secagem.
Desde a extração na árvore até ao processamento industrial, pode tardar mais de dois anos. Depois tem lugar a triagem por bitolas de qualidade, até que finalmente se produz os cilindros mágicos que cingidos por pressão aos gargalos das garrafas vão cumprir o desígnio de vedar para sempre os néctares que lhes são confiados. É notável como mesmo perante intervalos de temperatura bastante grandes conseguem manter-se funcionais. A rolha de cortiça é antes de mais elástica e flexível, conseguindo ocupar mesmo as marisas – parte superior do pescoço da garrafa – mais irregulares. Claro que com o tempo perde essa elasticidade, mas dura décadas no pleno. O vinho é um meio agressivo e vai mais tarde ou mais cedo impor constrições de difícil superação à rolha. E acaba por ganhar, é apenas uma questão de tempo. Ao mesmo tempo, por efeito conjunto de acidez, polifenóis – ou taninos – e micro-oxigenação, o vinho vai evoluindo. Transformações químicas sempre lentas, regime de quase equilíbrio, mas que vão envelhecendo o vinho. A rolha é por isso crucial para que o processo se dê com a lentidão e a sustentação ideais.
A alternativa de screw cap – vedante de rosca, semelhante ao dos refrigerantes – encontrou eco sobretudo no Novo Mundo, nos vinhos que não visam envelhecimento prolongado em cave. Num espaço de um a dois anos, não parece haver problemas, mas a partir daí os testes revelaram-se preocupantes, principalmente porque o vedante… veda mesmo! Não há troca de ar com o exterior, e o vinho acaba por evoluir em redução – grosso modo, o oposto de oxidação -, criando compostos que a prazo desvirtuam totalmente o próprio vinho e que nem com decantação cuidada no momento de servir desaparecem.
Uma outra alternativa à rolha é a rolha de silicone, mas que não permite rolhar de novo, fica literalmente com fuga e pinga, se reposta. Mas porque é necessário encontrar alternativas, afinal? Porque existe sempre à espreita o fantasma do TCA, ou tricloroanisol, a que nos habituámos a chamar cheiro e gosto a rolha, e é semelhante ao mofo que encontramos na cortiça em ambientes saturados e húmidos. O anisol é uma espécie de éter, reage no contacto com o ar, multiplicando-se. Enquanto alguns defeitos do vinho se conseguem ultrapassar com arejamento ou decantação, quando há contaminação pelo composto TCA, só piora, até que fica insuportável. Se pensarmos que pode acontecer com garrafas que custam fortunas e se guardam religiosamente para abrir num momento especial, é uma hecatombe. Não pode acontecer. Por outro lado, quando um vinho velho de grande nível permaneceu longe dessa baía de pesadelos, mostra-se glorioso e evoluído graciosamente, graças entre outros a um bom trabalho feito pela rolha de cortiça.
O que fazer, então? Correr o risco, sem risco a vida não é vida. E face a um desastre de contaminação por TCA de uma grande garrafa, facilmente contactando o produtor se consegue que este retome a garrafa defeituosa e a substitua por uma igual, livre do problema. É difícil imaginar o mundo sem rolhas e toda a decisão precipitada pode custar milhões, quando não mesmo a falência. E que não se pense que TCA é monopólio apenas da rolha; nada mais enganador. A enóloga e proprietária Gina Gallo, dos vinhos Gallo, na Califórnia (EUA) surpreendeu o mundo quando revelou que tinha de se descartar de cerca de 40 milhões de litros de vinho por contaminação por TCA. Só que isso aconteceu sem que o vinho tivesse tido qualquer contacto com cortiça. O desaire industrial pode ter sido provocado por mosquitos que transportavam o defeito nos papos. Certo é que fez história e levou à revisão de procedimentos em todo o mundo. A cortiça estava, afinal, a ser responsabilizada pelo defeito quando houve outros motivos para o problema acontecer.
As lixívias – que são à base de cloro – estão hoje totalmente proscritas de tudo o que tenha que ver com o vinho. Por incrível que pareça, lavar o chão de uma garrafeira com lixívia pode contaminar todas as garrafas, mesmo que ainda estejam nas suas caixas de madeira hermeticamente fechadas. Tem as costas largas a cortiça e a verdade é que permanece como o melhor material para produzir os vedantes a que chamamos rolhas. Respira como nós, cresce connosco e festejará sempre connosco.
*Fernando Melo é crítico de vinhos e de comida na revista Evasões. Engenheiro físico pelo IST, dedica-se há 30 anos ao estudo das raízes e dos patrimónios gastronómicos do país, percorrendo ao pormenor o território, nas suas mesas, vinhas e adegas. Dá formação em Enogastronomia nas escolas de hotelaria nacionais.

14 janeiro 2020

CEM iniciou no Principiado de Astúrias as atividades do novo ano


A Confraria Enogastronómica da Madeira, com a sua presença no dia 11 de Janeiro, no XVI Capítulo da Cofradia Amigos del Nabo de la Foz de Morcin, que se realizou no Principiado de Astúrias, iniciou oficialmente as suas actividades do ano de 2020.

Estreito de Câmara de Lobos, 12 de Janeiro de 2020.


Una montera rosa en la fiesta de nabo


Cuarenta cofradías europeas y más de 250 comensales de pote de nabu son fiel reflejo del respaldo que tiene la fiesta morciniega que, cada mes de enero, busca potenciar el consumo de este producto. Ayer, era su día y celebraron el XVI Gran Capítulo de la Cofradía Amigos de los Nabos de La Foz de Morcín. «Ellos son -como señaló su alcalde, Maximino García- los mantenedores de las tradiciones y de la sabiduría de nuestros pueblos. Su compromiso y solidaridad son imprescindibles para seguir adelante».

La hermandad sumaba ayer cuatro nuevos cofrades de honor a la defensa y promoción del nabo. La lucha incansable contra el cáncer hizo merecedora de esta distinción a la Fundación Sandra Ibarra. Su presidenta y fundadora acudió a La Foz muy orgullosa de ser nombrada cofrade de honor.

A la hora de colocarle la tradicional montera, llegó la sorpresa. La de Sandra Ibarra era de color rosa, vinculado a la lucha contra el cáncer. Pero, además, la cofradía entregaba a su fundación un donativo de dos euros por cada comensal que se iba a acercar para comer el pote de nabos. Ibarra señaló sentirse «muy emocionada» con «la solidaridad asturiana. Estáis llenos de cariño y como me he asturianizado (su pareja es el periodista Juan Ramón Lucas, de raíces asturianas), promuevo todo lo que tiene Asturias. Y, cómo no, ahora los nabos».

Con «pocas tablas a la hora de hablar», como él mismo reconocía, el cantante Vicente Díaz, «buen comedor de nabos desde hace años», juraba en asturiano defender el producto. Tras la ceremonia de 'besar el nabu', no pudo más que hacer caso al público y cantar su mítica 'Soy asturianín'. Desde la cofradía le emplazaron a hacer una canción al nabo.

Eduardo Méndez Riestra, escritor y crítico gastronómico, puso en valor el trabajo de la cofradía, pues «ha sabido rescatar un producto excelente que estaba menospreciado a pesar de su gran tradición en Asturias. Espero que, entre todos, consigamos aumentar la presencia del nabo en restaurantes, hogares y mercados».

La asociación vecinal sociocultural El Vallín, de Morcín, fue la cuarta distinguida. Estuvo representada por su presidente, Amador García. «Es un reconocimiento importante para nuestra asociación y para mí, en particular, que soy un gran comedor de nabos desde que era un guaje y se ha convertido en uno de mis platos favoritos. Allí donde están los nabos, voy».

Paso al queso 
La actividad no cesará en la localidad morciniega de La Foz. Si este fin de semana el pote de nabos está siendo el protagonista, las casadiellas y el afuega'l pitu tomarán el relevo la próxima semana. El viernes, 17 de enero, se rendirá homenaje a su patrón, San Antón. Entre las actividades organizadas, la Cofradía Amigos de los Nabos ha vuelto a convocar el XI Concurso mundial de 'casadielles' en sus tres categorías: mejor casadiella casera, mejor casadiella artesana profesional y mejor casadiella de escuelas de hostelería. Además, se reconocerá a la mejor casadiella del concejo de Morcín.

El domingo día 19, el queso será el protagonistas en el cuadragésimo Certamen del quesu afuega'l pitu, donde los elaboradores competirán por tener la mejor pieza en sus distintas modalidade.










Fonte: El Comércio

09 janeiro 2020

Confraria agenda presença em Miranda do Corvo


A Confraria Enogastronómica da Madeira agendou a sua presença no XIV Capítulo da Confraria do Vinho de Lamas, que se realiza em 9 de Fevereiro, na localidade de Lamas, Município de Miranda do Corvo no Distrito de Coimbra.

Estreito de Câmara de Lobos, 9 de Janeiro de 2020.

CEM viaja até Itália a meados de Janeiro


A Confraria Enogastronómica da Madeira estará presente no XXI Capítulo da Congrega dei Radici e Fasioli, que se realiza no dia 18 de Janeiro,  na localidade de Susegna, região de Vêneto, norte de Itália.

Esrtreito de Câmara de Lobos, 9 de Janeiro de 2020.

08 janeiro 2020

CEM pretende intercâmbio com associação grega


A Confraria Enogastronómica da Madeira estabeleceu contactos com uma associação gastronómica da República da Grécia, com a qual deseja manter de relações de amizade e de intercâmbio.

Estreito de Câmara de Lobos, 8 de Janeiro de 2020.

06 janeiro 2020

13 motivos para beber vinho tinto todos os dias


Conheça os motivos para beber vinho tinto todos os dias, aliados a hábitos de vida saudáveis, como dieta equilibrada e uma prática regular de exercício físico.

Por Teresa Santos
- Janeiro 6, 2020

Sabe quais os motivos para beber vinho tinto todos os dias? Está mais do que provado que o consumo moderado de vinho é benéfico para a saúde, sobretudo se estivermos a falar de vinho tinto. Esse consumo deve situar-se entre um a dois copos diários, de preferência durante as refeições, ao jantar.

Claro que as muitas vantagens desta bebida só serão colhidas se, aliado ao consumo deste produto, houver outros hábitos de vida saudáveis, como uma dieta equilibrada e uma prática regular de exercício físico. Fique, então, a conhecer 13 boas razões para beber vinho tinto ou branco diariamente.

13 motivos para beber vinho tinto todos os dias

AUMENTAR A LONGEVIDADE

É verdade, um estudo finlandês de 2007 indica que os consumidores moderados desta bebida apresentam uma taxa de mortalidade 34% mais baixa do que os consumidores de outras bebidas alcoólicas. bebedores de cerveja ou destilados.

SER BOM PARA O CORAÇÃO

Um estudo da Harvard School of Public Saúde, publicado na revista Annals of Internal Medicine, em 2007, avançou que os consumidores moderados de vinho com tensão alta têm 30% menos probabilidade de vir a sofrer um ataque cardíaco do que os que não bebem vinho.

Os flavonóides das uvas reduzem o risco de doenças coronárias, diminuem o colesterol LDL (o mau colesterol), aumentam os níveis de HDL (bom colesterol) e reduzem a coagulação do sangue.



EVITAR VÁRIAS DOENÇAS


O resveratrol ajuda a regular o açúcar no sangue e a baixar os níveis de glicose, nomeadamente em doentes diabéticos. No caso dos homens, os consumidores moderados de vinho estão, também, menos sujeitos a vir a ter cancro na próstata. Além disso, há investigações que evidenciam os benefícios do vinho no tratamento de doenças neurológicas como Alzheimer e Parkinson.

PREVENIR CONSTIPAÇÕES
Os principais antioxidantes presentes no vinho tinto são capazes de evitar constipações ou gripes.



AJUDAR A EMAGRECER
Um estudo da Universidade de Purdue, publicado no Journal of Biological Chemistry, concluiu que o piceatannol, composto do vinho tinto, ajuda a controlar a obesidade, impedindo a formação de células de gordura. Além disso, há evidências que indicam que o consumo moderado de vinho evita o ganho de peso nas mulheres de meia-idade.

MELHORAR O HUMOR E O SONO

O vinho funciona como relaxante, assim como alivia o stress e melhora o humor. O seu consumo moderado reduz as taxas de depressão. Alguns vinhos contêm elevados níveis de melatonina, a hormona do sono. Daí, beber vinho ajude a induzir o sono.

AUMENTAR OS ESTÍMULOS CEREBRAIS

O consumo moderado de vinho aumenta os estimulos do cérebro, diminui os tempos de reação e aumenta a criatividade.



AUXILIAR NA DIGESTÃO

O vinho ajuda no bom funcionamento do sistema gastrointestinal, melhorando a digestão e evitando problemas como a síndrome do intestino irritado.

SER UM EXCELENTE ANTI-INFLAMATÓRIO

O resveratrol é um anti-inflamatório natural que inibe a ocorrência de duas moléculas (esfingosina e fosfolipase D) em carga de infeções perigosas.

SER ANTIBACTERIANO

Os polifenóis e o resveratrol funcionam como antibacterianos, sendo capazes de eliminar bactérias como a Salmonella e Shigella, responsáveis ​​por diarreia e febre.


COMBINAR COM GASTRONOMIA
O vinho tinto combina com uma grande variedade de pratos e petiscos, além de ser uma bebida ótima para partilhar num jantar especial com a sua cara-metade, a família e os amigos, assumindo-se assim como um fator socializante.

SER UM CALMANTE NATURAL

A Escola de Medicina da Universidade de Boston diz que beber vinho com moderação ajuda a ter melhores resultados em testes de habilidade, emoção e mobilidade.

SER UM AFRODISÍACO FEMININO

Um estudo realizado pelo hospital Santa Maria Annunziata, em Florença, Itália, concluiu que o consumo de um ou dois copos diários de vinho tinto aumenta a líbido feminina.

Fonte: NCultura
Com tecnologia do Blogger.

 

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