Prezados Confrades, amigos e familiares,
24 dezembro 2020
Santo e Feliz Natal
23 dezembro 2020
Online wine tastings in Portugal
News
Online wine tastings in Portugal
The Portuguese Federation of Bachic Brotherhoods has not remained inactive in these times of pandemic.
" Com o passar do vinho os anos melhoram" ( With the passage of the wine the years improve )
It is with this motto invented for the occasion that it has organised online tastings to introduce the brotherhoods and regional producers, on Thursdays at 6 pm, and by making it known on Facebook ( https://www.facebook.com/ampvinho).
Successively the Brotherhoods of Our Lady of the Tagus, Vinho Verde, the wines of Lisbon-Estremadura, Alentejo, and the oenogastronomy of Madeira were mobilised to organise sessions, attracting participants as far away as Brazil.
These sessions usually last half an hour, often more when there are questions. They begin with a presentation by the organising Brotherhood, then the floor is given to a few producers to present their wines.
The last sessions were devoted to festive wines.
Here is a video to get into the atmosphere!
https://www.facebook.com/ampvinho/videos/682904499094303
22 dezembro 2020
'Palmeira e Voltas' e 'Xavelha' em destaque para este Natal
'Néctares' de Octávio Ferraz ganham notoriedade nacional na Revista de Vinhos deste mês. Produzidos em Câmara de Lobos, 'Xavelha' e 'Palmeira e Voltas' receberam altas cotações.
Fonte: Diário de Notícias, edição impressa de 22 de Dezembro de 2020
17 dezembro 2020
Variedades tradicionais da Região Autónoma da Madeira
AS VARIEDADES LOCAIS (LANDRACES)
As variedades locais (landraces) são uma componente fundamental da agrodiversidade e dos recursos genéticos para a agricultura e alimentação. A mera existência na Região Autónoma da Madeira (RAM), e o seu uso pelos agricultores e pelo setor primário, assume grande importância em termos de segurança e qualidade alimentar, sustentabilidade do território e diversificação da economia rural. Estas desenvolvem-se em áreas geográficas delimitadas, devido à interação de múltiplos fatores, entre os quais se incluem a manutenção e “seleção” do material de propagação pelos agricultores, condições agroecológicas específicas e diversidade ecogeográfica, sistemas de produção (agrossistemas) únicos e a ação seletiva de fatores abióticos ou bióticos.
A Região Autónoma da Madeirareúne condições ímpares, onde ocorre a interação de vários destes fatores num território pequeno, mas com grande diversidade de condições agroecológicas. Mais de 160 espécies com uso agrícola foram introduzidas na Região, para fins alimentares, condimentares, religiosos, medicinais, ornamentais ou outros.
A maioria destas espécies permanece em uso no território. As principais culturas agrícolas caracterizam-se por serem detentoras de uma grande diversidade intraespecífica construída por variedades locais ou tradicionais.
As variedades locais ou tradicionais são uma entidade (população no campo agrícola) ou conjunto de entidades, com distribuição ecogeográfica comum, que resultam da ação secular dos agricultores, partilham carateres botânicos ou agronómicos chave, são heterogéneas, estão adaptadas às condições ambientais e agroecológicas, a práticas agrícolas locais, possuem um registo histórico documentado e apresentam valor agrícola (agronómico) e etnográfico, ou estão associadas a tradições económicas, gastronómicas, culturais ou religiosas.
Estas variedades possuem figura jurídica legal conferida pela Commission Directive, 2009/145/EC. No entanto, o seu reconhecimento está dependente de um conjunto de requisitos, que envolve a sua correta cadastragem, documentação, registo e manutenção.
O Banco de Germoplasma ISOPlexis desenvolve, desde 1996, um programa de inventariação, conservação ex situ e in situ, cadastragem e avaliação das variedades locais e tradicionais da RAM.
Esta página destina-se a identificar algumas dessas variedades locais e divulgar a sua importância junto de agricultores e da população em geral, de modo a garantir o seu reconhecimento e valorização pela sociedade.
Festa é Festa 2020
'Palmeira e Voltas' e 'Xavelha' em destaque para este Natal
'Néctares' de Octávio Ferraz ganham notoriedade nacional na Revista de Vinhos deste mês. Produzidos em Câmara de Lobos, 'Xavelha' e 'Palmeira e Voltas' receberam altas cotações.
Fonte: Diário de Notícias da Madeira.
10 dezembro 2020
Presenças internacionais da CEM em 2020
Capítulo da Cofradia Amigos del Nabo del Foz de Morcin - Espanha
Capítulo da Confraria Gastronómica das Provas da Feira dos Vinte - Portugal
Capítulo da Congrega dei Radici e Facioi - Itália
Presença na Embaixada do Reino de Marrocos - Portugal
Capítulo da Confraria Gastronómica do Fumeiro de Vinhais e do Porco Bísaro - Portugal
Capítulo da Confraria do Vinho de Lamas - Portugal
Assembleia da Federação Internacional das Confrarias Baquicas - França
XX Aniversário da COCORICO - França
Capítulo da Confrérie de Saint-Romain en Bordelais et Pays Libournais - França
Capítulo da Confraria dos Rojões da Bairrada com Grelos e Batata à Racha - Portugal
E estabeleceu contactos com duas irmandades da República Checa, Radu Rytíru Vina SV. Urbana e Evropstí Rytiri Vina
Estreito de Câmara de Lobos, 10 de Dezembro de 2020.
07 dezembro 2020
Famílias madeirenses preparam-se para a tradicional matança do porco
A tradicional matança do porco mantém-se este ano, na Madeira. Como é hábito, muitos madeirenses vão aproveitar o feriado da Imaculada Conceição, assinalado esta terça-feira, para fazer cumprir esta herança cultural que divide opiniões.
Ora, a prática - que marca para a generalidade das pessoas o início da quadra natalícia - será assinalada este ano exclusivamente em espaços privados e não num formato virado para o público em geral, isto devido às restrições impostas pela covid-19, que impede ajuntamentos superiores a cinco pessoas.
Por isso, o tradicional evento a cargo da Confraria Enogastronómica da Madeira, foi adiado, conforme explica ao DIÁRIO, Alcides Nóbrega, presidente desta sociedade, que aponta à matança para o final do mês de Janeiro de 2021, isto se a situação epidemiológica permitir. "Não é possível reunir este Natal devido a todas estas limitações", lamentou sobre um evento que habitualmente reúne "entre 60 a 70 pessoas".
"Esta é uma tradição antiga, que marca o início da 'Festa'. É a partir do dia 8 de Dezembro, com a matança do porco, que os madeirenses dão início às festividades. Quando realizamos a tradicional 'Função da Morte do Porco' pedimos autorização às autoridades e solicitamos a presença de um veterinário da Secretaria Regional da Agricultura. Fazemos tudo dentro dos preceitos legais." — Alcides Nóbrega
Alcides Nóbrega garante que muitas famílias madeirenses vão estar reunidas esta terça-feira para fazer cumprir a tradição "que já existe há muitos anos", seja para garantir alguma forma de sustento através da venda de partes do porco, seja para guardar a carne e ir "usando ao longo do ano". Em caso de venda desta "carne bem paga", o preço ronda os cinco euros ao quilo.
"Estamos a falar de todo um ritual que se cumpre nas casas de familiares e amigos. Há quem tire férias nesta altura só para estar presente nas várias matanças, quer na casa dos pais, quer na casa dos sogros, por exemplo", indicou o presidente da Confraria Enogastronómica da Madeira, sublinhando que esta é também "uma ajuda muito grande para as famílias", sobretudo aquelas com parcos rendimentos.
"Só aparecem nesta altura"
A tradição divide opiniões. Há quem defenda a matança do porco e há quem se insurja perante o acto, alegando o sofrimento causado ao animal. Alcides Nóbrega diz que esse género de críticas "passam ao lado" da Confraria e assume que "algumas pessoas têm de atender a determinadas realidades".
"Nunca falam durante o ano e aproveitam para só aparecer nesta altura, optando por criticar. Não é por isso que vamos deixar de o fazer", atirou, baseando-se no legado deixado pelas anteriores gerações, as mesmas que salgavam o porco, que o guardavam e iam usando "conforme as suas necessidades" até ao Natal seguinte.
Fonte: Diário de Notícias da Madeira
06 dezembro 2020
Covid-19 obrigou ao cancelamento dos eventos enogastronómicos em 2020
Em 2020 e devido à pandemia do vírus Covid-19, que provocou a quase totalidade de cancelamento dos eventos enogastronómicos, a Confraria Enogastronómica da Madeira teve a possibilidade em participar em dez eventos realizados no início do ano, em Portugal Continental, Itália, França e Espanha.
No ano de 2019 a Confraria Enogastronómica da Madeira participou em 55 eventos enogastronómicos, realizados em Portugal e em vários países da Europa.
Estreito de Câmara de Lobos, 4 de Dezembro de 2020.
Barrete de orelhas tradicional
O barrete de orelhas é um gorro tradicional madeirense e antigamente era sobretudo utilizado pelos camponeses. É feito com a lã das ovelhas criadas nas serras e concebido pelas mãos das mulheres, tricotado com 5 agulhas. Gorro também utilizado por membros da Confraria Enogastronómica da Madeira em eventos organizados fora da Região Autónoma da Madeira e conquistou o seu espaço nos eventos da confraria madeirense realizados no Arquipélago da Madeira.
Estreito de Câmara de Lobos, 5 de Dezembro de 2020.
"O famoso Vinho da Madeira, entenda porque ele é tão famoso"
O vinho da Ilha da Madeira reina, desde seu nascimento a cerca de 600 anos atrás, dentre os maiores do mundo. Sua grandiosidade deve-se às castas Sercial, Verdelho, Boal, Malvasia (Malmsey) e Terrantez, todas brancas. Esta última quase extinta e de todas a mais espetacular. Desfrutar de um grande Madeira, seja seco ou doce, é um prazer inigualável. Possui uma intensidade única, aliada a complexidade, nuances, energia e poder indescritíveis. Além de ser capaz de viver gloriosamente por mais de 100 anos, podendo ir até 200.
O arquipélago é formado por ilhas vulcânicas belíssimas, a maior delas coberta por luxuriante vegetação, isoladas no pleno azul do Oceano Atlântico, a 545 km da costa da África (Marrocos). Fascinou a imaginação dos navegadores antigos, associado à imemorial lenda da existência das Ilhas Encantadas, verdadeiro paraíso na Terra, perdido em algum lugar para além das colunas de Hércules, em pleno oceano desconhecido. Em alguns mapas pré-renascentistas, de cerca de 1350, a lendárias existência de Ilhas Encantadas era plotada pelos cartógrafos em posições aleatórias do ignoto oceano.
Descoberta e início do cultivo da vinha
Sua existência e posição vieram afinal ser definidas com a descoberta e conquista pelas frotas do Infante D. Henrique, o Navegador. Em 1419, o grande navegador português Gonçalves Zarco, a serviço do Infante, descobriu e tomou definitivamente possa das Ilhas Encantadas para Portugal, permanecendo até hoje como território português. Madeira, assim chamada pelas densas florestas, é a ilha mais importante. Pela posição estratégica, passou a ser ponto de passagem, abastecimento e aguada das frotas das descobertas portuguesas e depois das rotas da Índia, do Oriente e Brasil.
A vinha foi introduzida pelo Infante D. Henrique, que mandou plantar as uvas Malvasia, da Grécia, logo a seguir ao descobrimento. Já no século XVI, a vinha tornou-se a cultura dominante da ilha, pela excelência dos vinhos produzidos na faixa predominante entre 300 e 750 metros de altitude. Os melhores vinhedos situam-se na parte Sul da ilha. As vinhas são plantadas em socalcos, nas encostas íngremes dos penedos, no sistema de latadas. Aquelas situadas na altitudes mais elevadas produzem vinhos mais ácidos, delicados e perfumados, enquanto os mais baixos, vinhos mais frutados e mais doces.
Pela sua beleza apaixonante e clima permanentemente temperado, a Madeira sempre foi associada à ilha dos amores, sendo parada obrigatória de muitos casais em lua-de-mel. Possui hotéis belíssimos, paisagens deslumbrantes e clima permanentemente temperado. É famosa a história do Machin, jovem inglês, que se apaixonou por Ana de Harfet, filha de um casal da nobreza. Como os pais da noiva negaram permissão para o casamento, em razão da origem humilde do noivo, os jovens apaixonados fugiram de barco para ir viver na França. Uma tempestade acabou por arrojar os dois na Ilha da Madeira, onde viveram seus dias de amores, tendo por lar o oco de uma gigantesca árvore. Até hoje, na Madeira, há o local denominado Machico, onde supostamente o casal apaixonado viveu seus amores.
Grandes episódios do Vinho da Madeira
Videiras nas encostas da Ilha da Madeira. | Bigstock
O Vinho da Madeira, pela sua altíssima qualidade, sempre foi muito apreciado pelos ingleses, que o consomem em grandes quantidades desde o século XVI. Mencionavam a Madeira como a Ilha do Vinho. O Duque de Clarence, condenado à morte por conspirar contra o soberano, Henrique IV, escolheu morrer afogado dentro de um tonel de Malvasia (Malmsey) da Madeira, vontade fielmente cumprida na Torre de Londres. O fato bem mostra a importância do Madeira já no final do século XVI.
Na literatura de Shakespeare, o Madeira aparece num episódio do “Henry IV”, em que Falsta! vendera a alma por um cálice de Madeira e uma perna de frango.
Difundido pelos ingleses, o consumo dos suntuosos e opulentos vinhos da Madeira tornou-se muito expressivo nas 13 Colônias da América. Mais tarde, com as lutas pela independência, o Vinho da Madeira passou a ser um dos importantes símbolos da rebelião dos americanos contra o rei da Inglaterra.
De fato, o primeiro incidente do movimento contra o fisco britânico, que ao final gerou a famosa “tea party” em Boston, foi a rebelião contra o pagamento de direitos à coroa britânica por 100 pipas de vinhos provenientes da Madeira. O Vinho da Madeira tornou-se um símbolo das lutas pela liberdade e foi com ele que brindou-se a Independência dos Estados Unidos. Entre seus fiéis apreciadores, Franklin, Washington, John Adams, Thomas Je!erson.
Muitos dos vinhos embarcados aos Estados Unidos no século XVIII e XIX eram de altíssima qualidade e as grandes garrafas disputadíssimas ao preço de ouro, chegando a valores muitas vezes mais altos que os melhores clarets (Bordeaux), até 40 dólares a garrafa, isso no século XIX !
Durante o século XIX, reinou como um dos ícones de consumo e bom gosto na opulenta corte dos Czares da Rússia.
Napoleão, ao passar pela Madeira a caminho de seu exílio em Santa Helena, ganhou uma pipa de vinho do governador da ilha. Essa pipa acabou não sendo consumida. Voltou à ilha e foi engarrafada a partir de 1940, com o título de Battle of Waterloo. Winston Churchill, de visita à ilha, foi um dos poucos contemplados com uma garrafa desse lendário vinho.
O estilo consagrado
Assim como o Vinho do Porto, o estilo hoje conhecido do Vinho Madeira somente começou a aparecer no século XVIII, quando iniciou-se o processo de adição de aguardente vínica ao vinho, e depois ao mosto em fermentação. Esse estilo acabou por triunfar e dominar a produção do Vinho da Madeira.
Pelas normas atuais, a Madeira é uma região vinícola demarcada, cabendo ao Instituto do Vinho da Madeira a fiscalização do produto. A vinha é muito dividida, sendo pequenas parcelas distribuídas por um grande número de pequenos proprietários, que vendem seu produto às poucas casas exportadoras. O Vinho Madeira terá um grau alcoólico não inferior a 17,5% e não superior a 22%.
Em casos especiais, seu teor alcoólico poderá ser autorizado pelo IVM até 15,5%. A aguardente a adicionar aos mostos será obrigatoriamente vínica. Pode se adicionada durante a fermentação ou após a fermentação. Quanto mais tarde for a adição da aguardente, menos doce será o vinho resultante.
Uma vez feito o vinho, se ele não for de canteiro, poderá passar por um processo de estufagem. Esse método procura imitar o efeito das antigas viagens marítimas, nos navios a vela, em que o vinho, nos seus tonéis, sofria com o balanço do mar e com os calores das viagens para as Índias e para a América. Cedo notou-se que os vinhos chegavam ao destino melhores do que quando haviam sido embarcados.
Por outro lado, muitos tonéis que retornavam à origem mostravam- se ainda muitíssimo superiores ao vinho quando tinha sido embarcado. Esses últimos eram os cobiçadíssimos vinhos ditos de “torna-viagem”, “de volta”, “de roda”, em oposição aos vinhos que ficavam “em canteiro”, sem sair da Ilha.
Os vinhos “de roda” eram mais apreciados na Inglaterra que os “de canteiro”, valendo em média o dobro do preço, em especial os icônicos “East India Madeira”, ou ainda os V.O.W. I. (Very Old West Indies Madeira).
Pois bem, com as guerras napoleônicas, o frete dos navios tornou-se proibitivo e assim os produtores começaram a tentar o mesmo efeito com os vinhos em terra, deixando-os em estufas (hoje em dia, de sol ou artificiais), em que a temperatura chega aos 40°C a 46°C, pelo tempo de uns 3 meses. Há Madeiras, contudo, que não passam pelo processo de estufagem e são conhecidos atualmente como vinhos de “canteiro”.
As castas
As principais uvas de qualidade, todas brancas, são: Sercial (Cerceal), a rainha para os vinhos secos, plantada nas altitudes mais altas, elevada acidez, por muito tempo pensou-se ser a Riesling do Reno, mas hoje está demonstrado não haver relação entre elas; Verdelho, dominava os vinhedos antes da filoxera, também para secos, ligeiramente menos ácida e mais encorpada que a Sercial, com o tempo dá vinhos penetrantes, com nuances esfumaçadas e de frutos secos; Boal (ou Bual) mais cheia, mais escura, mais adocicada, grandiosos vinhos de sobremesa, muito complexa; Malmsey (ou Malvasia), excelente corpo, balanço, perfume; e a Terrantez, verdadeiramente sublime, quase extinta.
É famosa a quadra popular em homenagem à Terrantez, pela qualidade única de seus vinhos:
"As uvas Terrantez,
Não as comas nem as des. Para o vinho,
Deus as fez."
Contudo, após as sucessivas pragas do oídio e da filoxera, que devastaram os vinhedos de meados ao final do século XIX, as castas brancas tradicionais cederam lugar às castas tintas, que acabaram responsáveis por aproximadamente 90% da produção total, das quais se destaca da Negra Mole, de longe a mais difundida na Ilha. De origem desconhecida, há quem defenda que resulta de cruzamentos entre a Pinot Noir e a Grenache. Se plantada mais ao alto, dará vinhos de estilo próximos à Sercial ou Verdelho.
Mais abaixo, vinhos no estilo Bual ou Malmsey. Por algum tempo, produtores não tão escrupulosos vendiam vinhos “Malmsey” ou “Sercial”, por exemplo, em que quase 100% do lote era feito com Negra Mole. Hoje em dia esta prática está abolida e quando um vinho declare uma casta, pelo menos 85% do lote deverá ser da variedade declarada. Aos poucos, as vinhas estão sendo reconvertidas para as castas nobres tradicionais, mas pela sua versatilidade e bons vinhos que pode produzir, a Negra Mole deverá ainda continuar dominando o panorama por algum tempo.
O Madeira à mesa
De modo geral, os Madeiras mais secos são bebidos antes das refeições ou com as sopas. Os mais ricos (doces), com a sobremesa ou após as refeições. Temperatura de serviço em volta dos 12°C para os mais secos (Sercial, Verdelho, p. ex.), e dos 17oC para os mais doces (Malmsey, Bual, p. ex.) . Copos com algum volume, como para o Vinho do Porto.
Acaso a garrafa tenha depósito, é essencial decantar, para que o vinho não se turve ao servir. Turvo, além de perder a beleza da cor, o vinho fica como que abafado, e perde muito de suas melhores nuances e atrativos.
Madeiras secos combinam lindamente com caviar, ovas de peixe, defumados, presuntos, azeitonas, sopas, consomés, e atum – é famosíssimo o atum pescado em volta da ilha. Madeiras doces vão lindamente com sobremesas como mousse de maracujá (uma iguaria !), chocolate, cremes, tortas, frutas secas. Acompanham muito bem o filé à Madeira, fígados, cogumelos, carnes de porco, foie gras(Madeira doce) e assim por diante.
Duas combinações clássicas, seculares e absolutamente perfeitas para o Madeira são o bolo de mel e os charutos.
Guarda e longevidade
Terrantez 1960 e Justino's 10 anos: dois ícones. Arquivo pessoal/Guilherme Rodrigues.
A garrafa, depois de aberta, pode ser conservada por muitos dias, por mais tempo ainda que o Porto. Fechada, deve ser armazenada preferencialmente na posição vertical.
É um dos vinhos mais longevos e resistentes de todos, sendo muito bem conhecidas garrafas em perfeito estado com vinhos do século XVIII e XIX. A casta mais nobre e hoje em dia muito rara é a Terrantez, cujos vinhos começam a ficar maduros após pelo menos 30 anos. Um Madeira Terrantez com mais de 50 ou 60 anos de idade (pode ter até 200 ...) é sempre um dos vinhos mais espetaculares que alguém poderá beber alguma vez na vida.
Lembro-me de um Madeira Blandy’s Terrantez 1902, provado em meados dos anos 90, cuja opulência de aromas encheu a sala e destronou a vedete do dia, nada menos do que um soberbo Noval Nacional 63. Com o nariz a mais de 40 cm do copo sentia-se, o perfume inebriante, intenso, complexo e delicioso do vinho. Na boca, uma elegância como poucos vinhos: concentradíssimo, puro extrato, uma sinfonia de aromas e sabores exóticos, frutado, fresco ... isto mesmo, com quase 100 anos e um frescor que daria inveja a grandes vinhos recém elaborados. Uma verdadeira obra de arte. Dentre os vinhos que bebi até hoje, se fosse para escolher 3 garrafas, esta seria sempre uma delas !
Michael Broadbent, o grande crítico de vinhos inglês e ex-diretor de vinhos da casa de leilões Christie’s, em sua obra clássica “ The Great Vintage Book”, onde reproduz a avaliação das provas que fez dos vinhos mais notáveis do mundo desde o século XVII, emprega um critério em que o máximo são as tradicionais 5 estrelas. Mas às vezes as 5 estrelas não bastam, e Broadbent atribui impensáveis 6 estrelas a alguns raríssimos vinhos, de tão notáveis. Entre eles, um Madeira, o H.M. Borges Terrantez 1.862, bebido algumas vezes por eles, maior parte durante a década de 1980. O vinho com cerca de 120 anos, portanto.
Há diversos tipos de Madeira. Os mais singelos e também deliciosos, com menos idade. A qualidade sobe (ou deve subir) com a idade. No patamar de 10 anos, com a indicação a idade, já são vinhos bem superiores. Daí em diante, quase sempre a safra vem indicada, assim como o tipo de uva com que é feito.
Em alguns casos o vinho é resultante do processo de solera, um loteamento através dos anos com vinhos de diversas safras. Nestes caso, a data indicada é a do vinho mais velho, que educa os mais novos que lhe são adicionados, dando a personalidade do vinho final.
Felizmente a Madeira está voltando à sua boa e antiga forma. São vinhos extraordinários, exóticos e únicos, com uma história riquíssima. Incursionar por esse mundo, dos vinhos das Ilhas Encantadas, é uma experiência única.
Por Guilherme Rodrigues 19/06/2020 16:00
Fonte: Gazeta do Povo
05 dezembro 2020
A Confraria Enogastronómica da Madeira visitou a Ilha Dourada
A visita a ilha iniciou com uma receção pelo Presidente do Município, Idalino Vasconcelos, e pela Presidente da Assembleia, Fátima da Silva, no auditório municipal. Estes saudaram a vindas aos confrades e deram a conhecer um pouco da história do Porto Santo, em particular como a sua gastronomia foi moldada ao longo dos tempos dada a escassez de produtos que a terra dava e a influências trazidas por novos visitantes.
Alcides Nóbrega, presidente da CEM, relembrou que a confraria faz
questão de visitar cada município da Região, em especial o Porto Santo onde
todos os seus produtos têm um sabor especial devido a abundância de alguns minérios
nos seus solos, nomeadamente o magnésio. Felicitou todos os Porto-Santenses
pela recente conquista do galardão de Reserva da Biosfera, atribuído pelo
Unesco, e exortou a produção e certificação dos produtos locais.
A visita prosseguiu com um almoço na Quinta da Tamargueira, a entrada
os confrades saciaram a sua sede com o refrescante Vinho Caracol, uma edição limitada de 600 garrafas do
Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, IP-RAM, (IVBAM) para
assinalar os 600 Anos da Descoberta do Porto Santo (1418-2018), é um vinho
branco DOP, da casta Caracol, tradicionalmente plantada na Ilha entre os seus
típicos muros de 'crochet'.
Este vinho reflete as potencialidades da Ilha Dourada apresenta aromas delicados onde a mineralidade é evidente em harmonia com as notas de carácter cítrico e tropical. Ele foi vinificado na Adega de São Vicente sob a direção do enólogo residente, João Pedro Machado.
À mesa os confrades deliciaram-se com um magnífico Coelho de Porto Santo à Caçador, uma das Sete Maravilhas da Gastronomia de Portugal a par com uma Perdiz de caça acompanhado por uma salada com chícharo local. No copo, os comensais relembraram um ilustre residente de Porto Santo, Cristóvão Colombo, ao sabor dos vinhos "Colombo" IGP, branco e tinto, da empresa Justino’s Madeira Wines, S.A.
O programa oficial da visita encerrou com a palestra "A importância dos produtos locais na economia do Porto Santo" realizada na sede da Associação de Indústria, Comércio, e Turismo do Porto Santo (AICTS) no âmbito do II Festival Gastronómico da Caça e da Pesca.
Teve como orador principal Alcides Nóbrega, presidente da CEM que
realçou o trabalho que o Porto Santo tem vindo a realizar com: apresentação à
mesa da produção local; a reintrodução de espécies em desuso como é o caso do
Chícharo e a promoção de eventos, que qualificam e diferenciam a oferta
turística da Ilha. Nesse mesmo sentido relembrou outros produtos locais que
merecem igual trabalho, nomeadamente: as beldroegas, as capelas, os coscorões,
a escarpeada, o frangolho, o gofio/gof, as lentilhas, o pão de ázimo, o pão de
Ló, a perdiz, as serralhas e Ranchões/ Ranchão, entre outros.
03 dezembro 2020
Revista Adega: "Madeira"
Os portugueses descobriram a Ilha da Madeira (na costa africana) em 1419 e, pouco depois, fizeram dela uma grande vinha. Considerado um vinho de baixa qualidade (que era diluído para fazer os famosos molhos madeira) durante a segunda metade do século XX, o Madeira deu a volta por cima nos últimos anos - quando o envasamento da bebida passou a ser obrigatório pelo produtor antes de sair da ilha - e voltou a ser respeitado.
O Vinho Madeira faz parte da ilha portuguesa que lhe dá o nome desde 1450. Apreciado por personalidades históricas como Napoleão, Shakespeare e Churchill, este fermentado tornou-se um símbolo de distinção e nobreza em todo o mundo.
História da Madeira
Descoberta em 1419, nos tempos áureos das viagens marítimas portuguesas, a Madeira ficou sob administração dos capitães João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrello, e logo foi ocupada com culturas de trigo, cana-de-açúcar e uva.
Nos primeiros anos de colonização, introduziu-se o sistema de cultivo em "latadas", em que as vinhas são conduzidas horizontalmente sobre arames e suspensas do chão por estacas. Embora não se saiba com precisão quais e quando foram plantadas as primeiras videiras, julga-se que os colonizadores trouxeram consigo variedades que já existiam no Minho, extremo norte de Portugal.
Registros históricos do navegador veneziano Alvise da Mosto, também conhecido como Luís de Cadamosto, evidenciam a introdução da casta Malvasia Cândia logo no início da colonização. O navegador relatou que "entre as várias castas, o Infante D. Henriques mandou plantar terrenos com Malvasia trazida de Cândia (então capital da ilha de Creta), que está se desenvolvendo muito bem". Em suas escrituras, Cadamosto ainda teceu elogios à qualidade do Madeira e ao grande número de garrafas vendidas ao exterior.
Tais registros são notáveis, pois comprovam que, passados poucos anos do início da colonização, as exportações de Vinho Madeira já eram uma realidade. Tanto que, em 1776, ele foi protagonista do brinde mais importante dos Estados Unidos, quando George Washington, Benjamin Franklin, John Adams e Thomas Jefferson celebraram a Declaração de Independência, em 4 de julho.
O vinho
De acidez marcante e frescor quase eterno, o Madeira é único no mundo, típico pelos seus aromas de envelhecimento que casam o sol e a temperatura alta da região com o processo de oxidação lenta, em cascos de madeira antigos. Neste néctar, há um sabor secular que renasce com jovialidade em cada garrafa. O Vinho Madeira é um prazer em forma de especiarias, amêndoas torradas, frutas cristalizadas e aromas etéreos que se fundem.
A ilha faz o vinho em suas encostas abruptas, moldadas pelas mãos dos homens em socalcos (degraus) de pequena dimensão. Os solos ácidos e o clima subtropical criam os vinhedos madeirenses. A paisagem vitícola, profundamente enraizada na ilha, é palco de miríades de cores que se transformam ao longo do ano, desde as diferentes tonalidades de verde aos castanhosavermelhados das vinhas.
A construção dos socalcos, sustentados por paredes de pedra, faz lembrar escadarias que vão, em algumas partes da ilha, do mar à serra, parecendo pequenos jardins imbuídos na paisagem.
Terroir e castas
A Ilha da Madeira tem uma área total de apenas 740 quilômetros quadrados (no máximo 58 km Leste-Oeste e 23 km Norte-Sul), sendo que 400 hectares são destinados exclusivamente à produção vitivinícola. O território madeirense expande- se no Oceano Atlântico e forma um arquipélago com a Ilha do Porto Santo e com as Ilhas Desertas e Selvagens.
Sua superfície apresenta grandes variações de altitude, do nível do mar a quase 2 mil metros. Em grande parte, os declives são superiores a 25%, onde só é possível plantar graças à construção dos socalcos. As áreas mais planas estão nas zonas urbana e suburbana do Funchal, a capital - locais em que o clima e a altitude não possibilitam a prática agrícola.
A maior parte da produção de Vinho Madeira tem por base as uvas Sercial, Verdelho, Boal, Malvasia e Tinta Negra, que são plantadas em solos de origem vulcânica. De forma geral, os solos madeirenses têm uma textura argilosa e quimicamente apresentam-se ácidos, ricos em matéria orgânica, magnésio e ferro, pobres em potássio e suficientes em fósforo.
Além do relevo acidentado e do solo ácido, o clima é um dos principais responsáveis pelo sabor único do Vinho Madeira. A região possui microclimas, que variam de uma costa a outra da ilha. Nela, encontramos ao mesmo tempo miniverões quentes e úmidos e mini-invernos amenos, sem contar os climas sub-úmido, úmido e árido que se alternam durante o ano.
Em termos de precipitação, a ilha apresenta valores anuais médios que rondam os 3 mil milímetros, em altitudes elevadas, e 500 mm, na costa sul junto ao mar. No outono e no inverno, alcança-se, geralmente, 75% da média anual. Na primavera, chove pouco, cerca de 20% da média, e no verão menos ainda: apenas 5% do volume anual. A chuva aumenta conforme a altitude, sendo este efeito mais acentuado na costa sul.
Cultura das vinhas
A paisagem da Madeira parece ser coberta por um enorme tapete de retalhos. Embora as vinhas apareçam em grandes manchas, não se enganem os menos atentos, pois elas pertencem a dezenas de explorações.
As vinhas plantadas nos pequenos socalcos dos montes tornam a mecanização quase impossível, obrigando que toda a cultura da uva, do semeio à vindima, precise da utilização de mão-deobra, que quase sempre é familiar.
A rega das vinhas é feita com água captada nas zonas altas e conduzida ao longo da ilha através de canais denominados "levadas". A construção das "levadas" iniciou-se com o povoamento das ilhas na segunda metade do século XV. Atualmente, esse sistema é constituído por cerca de 2.150 quilômetros de canais, dos quais 40 são de túneis.
Quanto ao sistema de condução da vinha, o mais tradicional é a "latada". Neste sistema, as vinhas ficam suspensas em arames sustentados por estacas, o que dificulta todo o processo de tratamento e a colheita. A altura das "latadas" varia entre 1 e 2 metros e as densidades de plantação entre 2,5 mil e 4 mil plantas por hectare. Na segunda metade do século XX, introduziu-se o sistema de condução "espaldeira", usado geralmente em terrenos com pouco declive que apresentam densidades entre 4 e 5 mil plantas por hectare.
Turismo
A notoriedade da Ilha da Madeira devese muito ao seu vinho, que ganhou fama e prestígio no mundo todo. Mas nem só de vinho vivem os madeirenses. Há muitas coisas para se fazer neste território português. Passear a pé é uma delas. Na Madeira, caminhar é também aceder às paisagens mais recônditas e belas, percorrendo indescritíveis circuitos naturais. O arquipélago possui um extraordinário tesouro cultural, que pode ser conferido em conventos, templos, palácios, solares e fortificações militares construídas no século XV.
Pelo seu clima ameno e a sua particular orografia, pode-se praticar diversas atividades ao ar livre e muitas modalidades esportivas. Uma delas é o golfe. Desde 1993, no início da primavera, realizase o Open da Madeira, parte integrante do PGA European Tour.
Graças à fertilidade do terreno e à abundante fauna marítima, a Madeira dispõe de uma gastronomia riquíssima. Pratos de peixe como "filet de espada", "bife de atum" e "atum de escabeche" são os mais famosos da região. Há ainda aqueles à base de carne, como a tradicional "espetada", que vem acompanhada pelo típico "milho frito" e o saboroso "bolo do caco". Não coma tudo, porém, se for passear de "carro de cesto".
Entre as várias atrações que merecem ser visitadas ou experimentadas na ilha, a que não pode faltar é a tradicional descida do Monte ao Funchal em um "carro de cesto" - uma espécie de trenó guiado por dois condutores que o empurram ladeira abaixo.
Contudo, se você não quiser fazer nada disso, não se preocupe. Aproveite para apreciar as paisagens da Madeira e os sabores do Madeira - um vinho com nome de ilha, de uma ilha com nome de vinho.
01 dezembro 2020
Diana Silva Wines - Ilha DOP Madeira
Diana Silva - The Creator
“O desejo de regressar às origens, o amor à terra e a crença no terroir, fez com que Diana Silva iniciasse este projeto ambicioso.
As nossas criações são uma experiência para todos os amantes e entusiastas do mundo do vinho, que terão o prazer de degustar a atlanticidade, mineralidade, acidez e elegância da “Pérola do Atlântico”!”
São Vicente, Madeira
“Localizada na zona Norte da ilha, São Vicente é a uma das maiores e mais preponderantes zonas vitivinícolas da Ilha da Madeira. As nossas uvas foram cuidadosamente escolhidas aqui, dando origem a vinhos frescos, intensos e prazerosos!”
Trilogia Ilha Tinta Negra
“A primeira Trilogia da Ilha da Madeira, com uma das mais históricas e emblemáticas castas da ilha, demonstra a versatilidade do terroir e da Tinta Negra!”
“Apresentamos o primeiro Blanc de Noirs da Ilha da Madeira produzido com a casta Tinta Negra! Cristalino e elegante, apresenta uma grande acidez que lhe confere uma enorme frescura e persistência!”