10 dezembro 2018

A nossa Festa

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Artigo de Opinião por Isabel Cristina Camacho.

Muitas são as tradições que vivemos intensamente nesta quadra natalícia,é a época em que o Curral das Freiras se reveste de alegria, de luzes e de cor, transformando-se, este lindo Vale, numa autêntica Aldeia Natal!

A matança do Porco, é, como dizem os nossos mais velhinhos, o primeiro dia da Festa”. De manhã, muito cedinho, inicia-se a azáfama da preparação. “Apastora-se” a bacia para o sangue, que dará um belo petisco, acende-se a lareira e uma panela de água a ferver é essencial, depois é a chegada dos homens e “começa a função”.

Porco “pendurado, vinho deitado” e siga para a ribeira lavar o “debulho”, que é como quem diz, as tripas, que em verdade, preparadas à nossa maneira, são melhores que à moda do Porto! A salga e os torresmos, ficam para o dia seguinte, e vão dois dias de saberes e sabores, genuinamente conservados e passados de geração em geração.

Que me perdoem aqueles a quem possa ferir a sensibilidade, com o relato desta “barbárie”, segundo alguns entendidos, mas os porcos são tratados (e muito bem), com a finalidade de nos alimentarmos, morrem para que mantenhamos viva a cultura e a tradição, que tanto caracteriza o nosso Natal, o nosso povo. Mas estas são contas de outros rosários e continuemos a nossa Festa!

As missas do Parto, sobejamente conhecidas, são o despertar a cada madrugada com uma explosão de alegria, os cânticos, a multidão, antecipam os festejos do nascimento do Senhor. A ginjinha a aguardente com mel e a sandes de vinha d’alhos, o convívio e as cantorias enchem o coração de locais e visitantes.


“Dia de Festa, cada um na sua casa”, diz quem sabe. É dia da espetada de carne de vinha d’alhos, que é também cozida para o almoço com a batata, pimpinela e semilhas novas.

O Mega presépio, levado a cabo pela Associação “O refúgio da Freira” é, desde há muitos anos, uma atração da nossa terra e todos os anos surpreende-nos com o retrato das tradições mais remotas, artisticamente expostas aos milhares de visitantes.

Na Consoada, todos os caminhos vão dar à nossa igreja. A Missa do Galo, os Anjos, os reis magos, as romagens de todos os sítios, a “Pensação do Menino” quase única na Madeira, fazem desta Noite de Natal, especial, diria mesmo, mágica!

“Dia de Festa, cada um na sua casa”, diz quem sabe. É dia da espetada de carne de vinha d’alhos, que é também cozida para o almoço com a batata pimpinela e semilhas novas. Não falta a oração por vivos e defuntos, a lágrima que cai, teimosa, é de saudades dos que já partiram e de emoção pelo momento de fraternidade, em que ainda se pede a Bênção aos “superiores”, pai, mãe e avós.

Na 1ª Oitava, começa a ronda dos convívios nas casas dos familiares, almoços, jantares e…Bisca! Até aos Reis, Santo Amaro e às oitavas todas, é sempre Natal.

A nossa Festa é tudo isto! Muita alegria, muita família, muita tradição.

Vive-se o Natal de coração cheio, neste cantinho que é o coração da Madeira.

Santa Festa para todos!

Escrito por

A Academia Madeirense das Carnes - Confraria Gastronómica da Madeira é uma associação sem fins lucrativos, que promove e defende a Gastronomia Regional Madeirense e todo o seu partimónio cultura.

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