Numa celebração ao vinho, sua história e sua cultura, Bento Gonçalves festejou o plantio da videira mais antiga do mundo. O ramo, originário da Eslovênia e datado de 500 anos atrás, foi plantado em um lugar de honra na Dal Pizzol Vinhos Finos, em Faria Lemos – às portas do Vinhedo do Mundo, um reduto com mais de 400 variedades de uvas de 30 países. A cerimônia ocorreu na manhã de 26 de setembro, conduzida pelo diretor da cantina, Rinaldo Dal Pizzol, foi prestigiada pelo embaixador italiano no Brasil, Antonio Bernardini, e pela representante da Embaixada da Eslovênia, Suzana Pendic. “Vejo esse ato como uma oportunidade de criar laços entre Maribor e Bento Gonçalves”, disse a adita comercial da embaixada eslovena.
A videira é proveniente da cidade de Maribor e está sustentada na parede externa de uma casa do século 16, ambos considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Chegou ao Brasil por intermédio da amizade de Dal Pizzol com Luigi Soini, enólogo italiano e mentor intelectual do Vinhedo do Mundo. Soini tem uma plantação similar na cidade de Cormóns, Friuli, na Itália, com quase mil variedades de uvas de onde, a partir de um blend com algumas delas, produz o Vinho da Paz.
Foi através dele que as tratativas de doação do ramo de videira da cepa Modra Kavcina começaram, ainda em 2015. “Precisamos ficar na fila para sermos contemplados”, lembrou Dal Pizzol. A doação da videira é uma concessão oficial, de forma diplomática a destinatários internacionais. De Maribor, a videira foi levada a Cormóns e de lá transportada ao Brasil.
Para Dal Pizzol, o ato do plantio transcende o enriquecimento cultural de seu acervo vinífero. “Isso simboliza a solidariedade, a fraternidade e a paz entre os povos. E mesmo que a Eslovênia seja um tanto desconhecida para nós, a uva, o vinho, faz essa ligação entre os povos, de modo que a distância entre Maribor e Bento Gonçalves seja muito próxima. Que essa aproximação traga frutos não só uvas, mas frutos culturais, sociais e, quem sabe, econômicos”, disse Dal Pizzol.
No Brasil, a muda foi submetida a procedimentos de enxertia de mesa e vegetação pelo viveirista Edgar Sinigaglia Junior, que estendeu a vida da videira de Maribor. Um outro exemplar da muda foi plantado na FundaParque, numa forma de demonstrar a importância do cultivo para os habitantes de Bento Gonçalves. “O vinho não é só um produto agroalimentar, é um produto cultural carregado de emoções e que faz parte da história do homem desde milênios”, comentou Dal Pizzol.
A variedade Modra Kavcina
A cada ano, algumas dezenas de garrafas são produzidos a partir da vinha de Maribor, que produz cachos com formato piramidal e bagas redondas de cor azulada. O resultado é um vinho único e peculiar, de cor vermelha rubi, aroma violeta e um buquê complexo de flores do campo. O vinho extraído da variedade Modra Kavcina é presenteado pela municipalidade de Maribor a autoridades que visitam a cidade eslovena.