Os resíduos orgânicos recolhidos dos restos de vasos em cerâmica como este proporcionaram as provas mais antigas da produção de vinho. Vasos de barro grandes e com uma abertura amplia como estes são similares aos qvervis, vasos tradicionais para a produção de vinho que ainda se encontram em diversas adegas na Geórgia.
Qvervis de tamanho grande ainda são usados pelos produtores de vinho na Geórgia, que enterram estes vasos até ao cimo e os usam durante gerações.
FOTOGRAFIA DE BRIAN FINKE, NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVEAo fim de 8000 anos, a Geórgia, enfiada no meio da cordilheira do Cáucaso não muito distante do local onde se iniciou a Revolução Neolítica, continua a ser uma região eminentemente vinícola. Conta com mais de 500 variedades locais de uva, um sinal de que as pessoas reproduzem e cultivam uvas há muito tempo. Até na agitada baixa de Tbilisi, há videiras penduradas em blocos de apartamentos da era soviética em desmoronamento. E os grandes vasilhames de barro encontrados em Shulaveri e Gadachrili têm um formato semelhante aos dos qvevris, utensílios vinícolas tradicionais que ainda se podem encontrar em inúmeras adegas georgianas nos nossos dias.
Patrick Hunt, arqueólogo da
Universidade de Stanford, afirma que os resultados mostram que os povos da Idade da Pedra tinham vidas complexas e ricas, com interesses e preocupações que conhecemos hoje em dia. "A fermentação do vinho não é essencial para a sobrevivência. Mostra que os seres humanos naquele tempo se dedicavam a mais do que apenas atividades utilitárias", diz Hunt. "Há muito mais sofisticação até no período de transição do Neolítico do que julgávamos."
Se Batiuk e a sua equipa — que começaram a fazer escavações em
Gadachrili Gora em 2012 — conseguirem identificar a variedade moderna de uva mais próxima da que era cultivada perto da aldeia de Gadachrili, esperam plantar uma vinha experimental na região para saberem como funcionaria a produção de vinho na pré-história. E Batiuk afirma que ainda não chegaram às camadas mais baixas e mais antigas do local. "É possível que cheguemos à conclusão de que se trata de uma prática ainda mais antiga", aponta. "Estamos a completar a história do vinho, este liquido que é tão essencial em tantas culturas — na verdade, na civilização ocidental."