Artigo de opinião por Ana Luísa Freitas.
Numa altura em que os sonhos e malassadas aparecem muito à mesa, há quem não dispense o mel de cana que completa bem o sabor daquela iguaria que é já uma tradição enraizada.
Este mel que pode ser biológico ou não, é extraído da cana doce, cana sacarina ou cana-de- açúcar (Saccharum officinarum ) cultivada em diferentes concelhos da região.
A cultura da cana sacarina remonta o século XV e foi durante muito tempo – e, antes do vinho- a produção com maior representatividade no setor agrícola da Madeira. Esta produção foi muito importante na economia, cultura regional e marcou a ‘Era do Ouro Branco’. As primeiras plantações realizadas foram no Funchal e só mais tarde propagaram-se pela costa sul e algumas zonas da costa norte da Madeira. Em Santana, foram muitos os terrenos ocupados por cana doce, uma planta com folhas enormes, que necessita de água e quanto mais sol apanha mais desenvolve podendo atingir uma altura considerável. Ainda hoje, na Achada do Gramacho – perto da Quinta do Furão, Laurindo Teles é um empresário agrícola que investe em plantações desta espécie de gramínea que depois provavelmente segue para o Engenho do Norte (Porto da Cruz). A cana doce, nos engenhos é transformada em açúcar, aguardente e álcool. Quando moída escorre o açúcar no estado líquido, e, este caldo se for fermentado transforma-se em álcool.
É um concelho, que ainda sobrevive da agricultura, e por isso também se sente o peso da emigração e a procura de melhores condições de vida.
Na primeira metade do séc. XX, existiram engenhos de moer cana, na Ribeira de S. Jorge bem como na ribeira dos Moinhos (Faial), onde – hoje – apenas são visíveis ruínas.
Atualmente, na Madeira as canas sacarinas destinam-se principalmente à produção de aguardente e mel de cana. O mel obtido é matéria prima na confeção de bolos e broas de mel, especialidades típicas do natal madeirense.
O Governo Regional reconhece a importância económica desta planta de clima tropical e tem apoiado este tipo de produção que em 2016 atingiu um valor aproximado de 11 toneladas, valor muito acima das 3 toneladas registado no ano 2000. Em onze mil agricultores recenseados, novecentos dedicam-se a esta cultura.
A população de Santana é muito ativa e incansável a laborar e amanhar as terras, sem desistir de cultivar uma grande diversidade de espécies – vimes, cana-de-açúcar, batatas, trigo, couves, milho, frutos…- mantendo assim aquele planalto como se fosse uma manta com diferentes tonalidades de verde entre outras cores, protegendo os solos da erosão e subsistindo em parte com os produtos da sua área de exploração agrícola.
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