XII Capítulo
Confraria Gastronómica
da Madeira
Sra. Presidente da Federação, Dra. Madalena Carrito
Sras. e Srs. Confrades,
Ilustres Convidados,
Amigas e Amigos,
1- Constitui para mim uma enorme
honra estar aqui, pelo décimo segundo ano consecutivo, a dar boas vindas às
confrarias e entidades presentes.
Têm sido anos de grande dedicação
e trabalho mas também de grande satisfação por sentir que a Confraria da
Madeira mantém uma actividade permanente e continua a ser participante activa
na vida do movimento confrádico;
2- Apesar de estar satisfeito com
o trabalho desenvolvido, gostava de convidar os nossos confrades a assegurarem
uma maior participação nas actividades da Confraria e pedir mais participação
dos mesmos nas presenças nos convites feitos pelas outras confrarias que muito
se esforçam para cá estarem;
3- Como disse, é já há doze anos
que presido à Academia Madeirense das Carnes/Confraria Gastronómica da Madeira e
chegou a altura de dizer claro que a confraria necessita de um novo ciclo, com
novas pessoas que assumam responsabilidades, pois se tal não acontecer a
confraria corre o risco de cair num marasmo que pode criar grandes dificuldades
para o futuro;
4- A confraria não terá futuro se
os confrades continuarem ausentes e a espera que meia dúzia decidam tudo e façam
o trabalho de todos.
5- Acreditamos que, apesar de
tudo, a confraria já é uma marca da Madeira na promoção e defesa da herança
cultural e gastronómica do Arquipélago no resto do território português e na
Europa. Por isso os actuais e os novos confrades devem pensar nos compromissos
que assumiram ou vão assumir. Queremos que "toda a gente fale de nós, mas
não queremos que a confraria esteja na boca de toda a gente". Por essa
razão pedimos que a representem com muita dignidade. A Madeira e o movimento
confrádico agradecem uma atitude simpática e ao mesmo tempo responsável.
Quero aproveitar este momento
solene para deixar uma palavra sobre o movimento confrádico nacional. As
palavras que se seguem não resultam de um acto de inspiração pessoal. São o
resultado da reflexão que muitos de nós temos feitos e que eu assumo como sendo
uma proposta da confraria da Madeira para todo o movimento confrádico nacional.
6- Como a Sra. Presidente bem
sabe, a Confraria da Madeira tem apoiado e vai continuar a apoiar a actual
direcção da FPCG. A Dra. Madalena Carrito e a sua equipa têm desenvolvido um
trabalho de grande mérito, do qual não temos muitas vezes a verdadeira
percepção. A Dra. Madalena soube criar a Federação, prestigiá-la e organizá-la.
Com a mesma franqueza com que
falamos sobre a nossa vida interna, também queremos dizer claramente que defendemos
que o movimento confrádico nacional e mesmo internacional terá de evoluir, pois
se continuar como está corre o risco de cair na estagnação.
Aqui há uns meses o nosso
movimento foi convidado a participar, e participou com gosto, num grande evento
que pôs todo o país a falar da gastronomia portuguesa.
Foi um evento com qualidades e
defeitos, que nos deixou muitas lições para o futuro. Mostrou que pode ser
criada uma marca da gastronomia, e nós acreditamos que essa marca pode ser
nossa e ter a nossa garantia de qualidade.
As confrarias gastronómicas
portuguesas possuem um saber sobre a tradição gastronómica que mais ninguém
tem. Podemos e devemos rentabilizar esse conhecimento único. Nós sabemos que
quem traz à nossa mesa os produtos, como é que são feitos, onde é que são
produzidos, por quem são produzidos, do Minho ao Algarve, nos Açores e na
Madeira.
A gastronomia tradicional é um
legado de séculos e não vai ser uma crise, mais ou menos longa, que a vai
destruir.
As confrarias todas deviam
incentivar a Federação a lançar-se, ela própria, na criação do grande evento da
gastronomia portuguesa.
Para isso seria necessário
registar uma marca, negociá-la e tratá-la em moldes altamente profissionais.
A Federação, e bem, conseguiu
obter um estatuto de parceiro social.
Com a ajuda de todas as
confrarias sócias, a Federação poderá também constituir-se um forte parceiro comercial, de tal modo que
possa assegurar o financiamento autónomo das suas actividades e ainda
colaborar, em termos profissionais e sempre que solicitada para o efeito, na
programação, divulgação e realização dos eventos das confrarias, no respeito
pelas especificidades de cada uma.
Queremos ser um parceiro social e comercial, ter uma marca, ter
capacidade para participar na realização de grandes eventos e ter uma equipa
profissional mais vasta capaz de responder às exigências do desafio.
As próximas eleições para a
Federação são uma incógnita. São sobretudo uma oportunidade para acrescentar
uma nova visão positiva para o movimento confrádico ao bom trabalho já
realizado e sem o qual não poderia ser dado o salto que aqui propomos.
Queremos uma Federação ainda mais
forte, mais actuante, que una ainda mais as confrarias, que tanto sabem de
gastronomia e tanto podem dar a si próprias e ao país.
7- Queremos fazer deste momento
uma ocasião para propostas positivas. Lamentamos que haja confrarias nacionais
(poucas, é verdade) que na Europa tenham prazer em denegrir a maioria das
confrarias Portuguesas e que tentam transformar o Movimento Confrádico Português
num apêndice de interesses suspeitos, que de confrádicos nada tem.
8- Na presença de convidados
estrangeiros, quero dizer que temos todo o interesse em fomentar relações de
intercâmbio entre confrarias e federações de outros países, sejam da Europa ou
de outros pontos do mundo. Não escondemos que temos um particular carinho pelos
nossos amigos confrades de Cabo Verde, onde temos feito questão de estar
presentes em todos os capítulos das suas confrarias;
9- A todos deixo uma palavra de
gratidão pela vossa presença…
Comunicação de Gregorio J. S. Freitas no XII Grande Capítulo da AMC/CGM em 29 de Abril de 2012.
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