"O oceano Atlântico foi descoberto pelos Portugueses: as cartas de marear, o clima fresco, misterioso e húmido, as marés vivas e as correntes dos novos mundos, o cheiro salino e as suas ilhas maiores fazem parte de um alfabeto marinho criado pelos nossos antepassados. Entre os países vinhateiros (Portugal, Espanha, França e África do Sul) que produzem uvas em habitat atlântico oriental, Portugal domina a produção de vinhos de maresia com a proposta única dos Vinhos Verdes, leves, frisantes e de extrema frescura tão grata na mesa de peixe, marisco e pequenas frituras. Também os vinhos da Bairrada têm uma longevidade elegante que, desde sempre, os posicionou como de grande guarda e acerto nas mesas mais exigentes. Na região de Lisboa nasceu uma das castas brancas mais emblemáticas de Portugal – Arinto – e as suas demarcações prestigiadas, como Carcavelos, Colares ou Bucelas, ainda foram antecedidas pela presença de barricas com a designação de Lisbon nos cenários da revolução americana e nas mais exigentes praças britânicas ao serviço de Sua Majestade. Portugal é dominador mundial na área de vinha de montanha: só no Douro são mais de 20.000 hectares. Vinhos equilibrados e longevos, de grande mineralidade, chegam das regiões transmontana, duriense e das terras do Dão e da Beira. O Sul tem o volume e a maciez tão do agrado dos consumidores. Fragrantes, sucrosos, os vinhos do Tejo, Alentejo, Península de Setúbal e Algarve bebem-se sozinhos porque mesmo assim dão muito prazer. Das ilhas vem a frescura, mas também a pequenez de vinhos típicos e desconhecidos. Falta comunicação, falta cativar o grande público. Qual a região que durante o fatídico ano 2021 mais se diferenciou e inovou? Saberemos em Janeiro..."
Obrigado,
Aníbal Coutinho