30 setembro 2018

Setembro, mês da Vindima

11:30


Artigo de Opinião por: Jaime Gomes.

Setembro! Já veio e já está quase a ir embora. Mês da semana do grande, enorme arraial do Bom Jesus, este ano foi uma enchente, dizem os entendidos.

Para que nos visitou uma palavra de agradecimento e para o ano, cá vos esperamos, todos os que, vieram este ano, os que tiveram intenção de vir e não puderam vir e os que tiverem vontade de vir pela 1.ª vez.

Posto isto, nunca entendi muito bem o porquê de na nossa terra depois do arraial, mais ninguém vai à piscina. Na minha infância e adolescência, lembro que só íamos à piscina depois do arraial no final do dia de vindimas, tirar o preto das mãos das uvas jaquê. Hábitos e usos que se vão alterando quanto mais não seja pela significativa diminuição de vindimas, quer pelo mais que certo prolongar do Verão, pelo Outono dentro.

O vinho faz-se este mês, não é muito, com certeza, mas o pouco que vai subsistindo tem de ser feito. Quem tem vinha reconvertida, as chamadas “Castas autorizadas a saber: CASTAS BRANCAS: Verdelho, Arnsburger, Terrantez, Sauvignon Blanc, Malvasia Cândida, Chardonnay,l Tália, Sercial, Chenin Blanc, Alvarinho Lilaz, Malvasia Bianca, Rio Grande, Malvasia Cândida Branca, Malvasia Fina, Malvasia Branca de S. Jorge e Carão de Moça. CASTAS TINTAS: Tinta Negra, Maria Feld, Malvasia Roxa, Merlot, Bastardo, Cabernet Sauvignon, Deliciosa, Complexa, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Aragonez e Syrah…” fonte: IVBAM. Apanha as uvas e entrega nas casas produtoras seja de Vinho Madeira ou do já cada vez mais presente vinho de mesa madeirense.

A defesa da nossa terra não passa apenas pelos outros, pelos que mandam, passa por todos e cada um de nós. Passa pela defesa intransigente do que de bom cá se faz.

Passei pela experiência da reconversão da vinha na 1.ª pessoa, nos primórdios da última reconversão. Assisti a inúmeras discussões de quem estava contra o corte do jaquê e argomon para plantar a vinha nova…foi o fim de um tempo e o início de outro. Confesso que não entendi a visão da minha mãe, porque ela dos pequenos agricultores foi uma das primeiras a fazer a reconversão. Nos Enxurros uma casta branca, o Verdelho, nas Feiteiras o Sercial, também branco. Quando veio a imposição do grau, e o jogo do empurra de responsabilidades, foi difícil. O Verdelho era dificílimo de tratar e o Sercial pura e simplesmente nunca teve mais de 8,5, mesmo junto ao mar e com imensas horas de sol. E depois a decisão, cortamos a vinha. Talvez se pense a mais fácil na altura, mas enganem-se, pois, para qualquer bom agricultor, como é a minha mãe, cortar foi a última opção.

Da minha experiência pessoal que não posso classificar de positiva, ficou o gosto pela vinha, pelo conhecimento desta área e a vontade em compreender o nosso passado ligado ao vinho. Consigo compreender o porquê de algumas imposições do governo, algumas relutâncias das casas que compram as uvas. Se nós, quando compramos queremos sempre o melhor porque raio de razão haveriam eles de comprar o bom, o mangrado e podre.

A defesa da nossa terra não passa apenas pelos outros, pelos que mandam, passa por todos e cada um de nós. Passa pela defesa intransigente do que de bom cá se faz. Pela defesa dos nossos produtos genuínos e o vinho é o primeiro e talvez o mais genuíno desses produtos.

Na génese de todas as terras existe uma razão e a vontade de ser. A nossa, por mim resume-se, nos elementos do nosso brasão mais especificamente no elemento central a dupla parreira com cachos de uvas maduros. São o símbolo perfeito da resiliência humana afirmada ao longo de séculos de vida humana. Tal como a parreira se agarra à vida às vezes em terrenos pedregosos e secos, também o homem se encheu de força, durante 5 séculos, para construir esta nossa terra, Ponta Delgada.

Fonte: Diário de Notícias da Madeira

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