A Universidade da Madeira (UMA) está envolvida numa investigação internacional sobre a cultura do inhame, para ajudar à adaptação desta planta às alterações climáticas e de mercado, o que pode colmatar problemas decorrentes da seca na Ásia e África.
O papel da UMA "é o de liderar o estudo de adaptação do inhame à seca", disse à agência Lusa, o responsável pelo Banco de Germoplasma ISOPlexis/Germobanco, daquela universidade, Miguel Ângelo Carvalho.
Segundo o investigador, a cultura do inhame tem especial importância na Ásia, Oceânia e África onde, cada vez com mais frequência, se sentem os problemas da falta de água, o fator mais importante para a propagação e desenvolvimento desta espécie de tubérculo usado na alimentação.
Miguel Ângelo Carvalho explicou que culturas como a do inhame, estão cada vez mais vulneráveis a um conjunto de ameaças, que passam pela "perda de mercado devido à globalização da economia, erosão da diversidade genética [da planta] que dita a necessidade de melhoramento vegetal, bem como a diminuição da produtividade devido ao aumento das situações de seca".
A somar a estes problemas, o Centro Internacional de Investigação Agronómica, em França, que lidera este projeto internacional – no qual estão envolvidas também instituições da Itália, Alemanha e Eslovénia -, identificou, também, "o aumento de pragas e a perda de qualidade nutricional e alimentar".
"O trabalho realizado consistiu na criação de um modelo das necessidades hídricas da planta, a identificação das situações em que ocorre esse stresse hídrico e a avaliação do comportamento de 34 ‘cultivares’ de inhame sob condições de seca ou stresse hídrico, o que permitiu identificar seis destas ‘cultivares’ com maior capacidade de resistência e adaptação à seca e, entre elas, duas são variedades tradicionais de inhame da Madeira", explicou.
As ‘cultivares’ são formas de espécies agrícolas que foram melhoradas devido à alteração ou introdução, pelo homem, de uma característica que antes não possuíam.
A identificação "deste material, pela UMA, permite a sua inclusão em programas de melhoramento da cultura, onde será utilizado como dador de material genético para aumento da capacidade de resistência à seca", especificou.
O programa que financia o projeto designa-se por Europe Aid South e implica que "as entidades europeias são responsáveis, não só pelo desenvolvimento do programa de investigação de partes do projeto, mas também pela transferência de conhecimento e tecnologia para os países parceiros de fora da União Europeia (UE)", realçou.
O projeto tem a conclusão prevista para o fim deste ano.
Fonte: Jornal da Madeira, 7 de Fevereiro 2015
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